Junto com o mês de novembro, consumidor e comércio se animam com a Black Friday. A sexta-feira de bons descontos e promoções que nasceu nos Estados Unidos e ganhou a simpatia do brasileiro está marcada para acontecer, este ano, no próximo dia 26. Até lá, pequenos empreendedores e donos de comércios eletrônicos podem se programar para turbinar as vendas e movimentar a economia, que ainda está complicada com as consequências da pandemia, mas que começa a dar sinais de recuperação.
Segundo os especialistas em vendas ouvidos pelo DIÁRIO, a Black Friday tem um grande apelo popular, mas é preciso saber como atrair esse consumidor ávido por promoções. Não basta apenas praticar preços baixos, é necessário uma série de fatores que, juntos, garantem clientes satisfeitos e lojistas com o caixa movimentado pelas boas vendas.
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A Black Friday é uma campanha impulsionada pelo mercado internacional que visa promover negócios, lembra a gerente de relacionamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PA), Leda Magno. “Então, as empresas devem buscar organizar suas estruturas aproximadamente três a quatro meses antes da data comemorativa, para que consigam subsidiar preços legítimos do ponto de vista de consumo”.
Para quem não seguiu esse cronograma, mas ainda quer se dar bem, Leda lembra que é preciso estruturar sua formação de preço de venda. “É avaliar o que pode ser dado de desconto de forma que esse ajuste de valor não cause impacto negativo na gestão financeira da empresa”, alerta. “E sobretudo dispor de ofertas de promoções e liquidações que atendam uma prática de preço acessível para o mercado de consumo”.
Uma das dicas para aproveitar a onda de consumo da data é dar uma olhada naquele estoque parado. “O empreendedor pode aproveitar para impulsionar suas vendas pegando aquele produto ou serviço que não tem tanta saída, aquele produto que está preso no estoque, com uma vazão de venda mais ágil, um preço mais justo. Que possa dar um desconto maior do que o dado no dia a dia da empresa”.
Segundo a gerente de relacionamento do Sebrae, o principal desafio é chegar a esse consumidor. “São muitas frentes de promoção em todo o Brasil. Plataformas de e commerce conseguem ser mais ágeis nessa conversão de vendas”, avalia, com uma ressalva. “O cliente quer conforto, comodidade, flexibilidade, mas não abre mão da segurança”.
Leda pontua que o empreendedor precisa atentar para esse perfil de consumo, de que forma colocar seu produto numa vitrine para que o consumidor possa encontrar de forma simplificada. “Pode ser pela rede social, por um blog, precisa ter a caracterização desse produto, apelo visual, descrição”, lista. “As pessoas consomem pelo apelo de vendas, algo que se possa parcelar, negociar valor, demonstrar que é possível fazer a devolução do produto caso não sirva ou atenda as expectativas”.
A especialista destaca que alguns setores têm ainda mais chances de atrair o consumidor da Black Friday. “São os de alimentação, em especial os restaurantes, lanchonetes, pizzarias. Toda essa parte do delivery. As empresas que têm esse serviço como impulsionamento para sua venda, conseguem ter uma conversão maior para atender o consumidor”, observa. O setor de saúde (beleza e estética) também deve estar em alta, principalmente os que ofertam serviços personalizados com preços diferenciados. “No dia a dia muitos não consomem esse tipo de serviço dentro de sua rotina e aproveitam essa época para consumir”, cita Leda, que completa a relação com as lojas de eletrônicos e eletrodomésticos. “As pessoas se organizam, fazem poupança para comprar a tão esperada TV, o telefone”.
Baixar o preço, no entanto, não significa ficar no prejuízo. “É necessário entender o seu negócio. Entender esse comportamento de finanças, o motivo de oferecer o produto nesse valor”, diz. “É preciso calcular as despesas fixas variáveis, conhecer o valor financeiro do meu negócio, o que está embutido no preço de venda e depois estabelecer um preço acessível e justo”, explica. “O empreendedor tem que ter esse olhar de mercado. A grande chave é buscar informações, se aproximar do consumidor e entender como o mercado está funcionando”, completa. “Trazer as ferramentas de tecnologia, trazer esse ganho que o mercado digital traz, investir nele, também são pontos chaves”.
PING PONG
Outros dois especialistas no ramo de vendas e mercado digital também trazem recomendações preciosas para quem quer liberar o estoque e chegar no Natal com um bom fôlego para começar 2022. Confira as dicas de Babi Tonhela, sócia e gerente de produtos do Ecommerce na Prática, maior escola de vendas on-line do Brasil; e de Franklin Bravos, CEO da Signa, empresa de soluções digitais, desenvolvimento e profissionalização de e-commerces.
P A Black Friday pode ser uma oportunidade de aumentar o faturamento?
R Babi Tonhela – A Black Friday é uma data comercial trazida para o Brasil em 2010 por e-commerces e só com o passar dos anos o varejo tradicional adotou. Hoje, a Black Friday é uma data comercial consolidada e que gera muito faturamento para os lojistas. Em 2020 foram faturados R$ 4,02 bilhões - um aumento de 25,1% com relação a 2019. A expectativa para 2021 é de aproximadamente R$ 10 bilhões. (E-bit Nielsen)
R Franklin Bravos – É uma grande oportunidade para aumentar o faturamento por ser uma época em que as pessoas estão propensas a gastar dinheiro, os brasileiros já estão acostumados com esta data e costumam se preparar financeiramente para fazer compras com a expectativa de pagar menos. Aproveite esta data para criar boas campanhas, ofertas atrativas para captar novos clientes e aumentar o seu faturamento.
P Como um e-commerce pode aproveitar essa data para vender mais?
R Babi – O mês de novembro fica todo aquecido por conta da data e não só a última sexta-feira é importante. Temos ações de Black November - um mês inteiro de ofertas e também Black Week, última semana inteira de ofertas. É importante o lojista on-line decidir qual Black irá fazer para seus consumidores e criar uma comunicação simples e estratégica para obter melhores resultados.
R Franklin – A Black Friday é essencialmente uma data onde o mercado precisa oferecer promoções imperdíveis, com descontos expressivos. Uma ótima oportunidade para queimar estoques. O público essencialmente vai procurar pelas melhores ofertas, existem ferramentas no mercado que os auxiliam para encontrar estas ofertas, então cuidado para não cometer o erro da “Black Fraude”, essas ferramentas denunciam esta prática, se você tem pouco estoque ou pouca margem, pense em outras alternativas como frete grátis, combos do tipo compre 2 leve 3 podem ser alternativas viáveis.
P Quais os maiores desafios para que isso aconteça nessa edição?
R Babi – Hoje temos um cenário de inflação e desde 2020 há precariedade no fornecimento de alguns suprimentos. Porém, isso não comprometeu os resultados de faturamento do e-commerce no geral, somente no primeiro semestre alcançamos o marco de R$ 53 bi faturados e com certeza iremos ter mais de R$ 100 bilhões no ano de 2021. (E-bit Nielsen).
R Franklin – Por conta da pandemia, a edição de 2021 tem uma característica diferente das anteriores, temos visto diversos clientes com dificuldade de estoque, sem matéria prima disponível. O maior desafio será este, garantir estoque para que o consumidor consiga aproveitar a data. Muitos varejistas terão estoques reduzido, fazendo com que a promoção acabe rapidamente.
P Quais os setores de e-commerce mais têm chances de faturar?
R Babi – Até 2019 a Black Friday gerava muitas vendas para os segmentos de eletrônicos, telefonia, informática e eletrodomésticos. Em 2020 os hábitos de consumo mudaram, tivemos mais compradores on-line e diversos segmentos ganharam popularidade on-line. A Black Friday 2021 será impulsionada não só pelos segmentos mais comprados anteriormente, mas também por moda e acessórios, móveis e decoração, saúde e beleza, supermercados, deliverys, livrarias, entre outros.
R Franklin – Todos os setores possuem uma ótima oportunidade de aumentar o faturamento na Black Friday. Na edição do ano passado, o setor de eletrodomésticos e ventilação teve o maior faturamento com R$ 1,47 bilhão, segundo análise da Social Miner, seguido por telefonia, informática e câmeras; entretenimento; móveis; construção e decoração. Todos relacionados ao momento da pandemia, onde as pessoas acabaram investindo em aquisições para o lar e conforto. Este ano com a reabertura do comércio, bares e restaurantes, a tendência é que o segmento de moda e acessórios tenha um maior destaque este ano.
DICAS PARA FATURAR
OFERTE O QUE ENCALHOU - O lojista que participa de Black Friday deve encarar a data como um investimento de marketing e ela é oportuna não só para atrair novos consumidores, mas também vender para quem já é cliente. O lojista deve estrategicamente conhecer sua Curva ABC - a curva C são os itens “encalhados” do varejo, portanto essa data é ótima para ofertá-los.
FAÇA BOAS OFERTAS - O que atrai consumidores são boas ofertas e não necessariamente boas ofertas estão relacionadas a desconto direto no preço do produto. Frete grátis, compre junto com desconto, desconto progressivo, amostras/brindes/presentes, compre e ganhe também são excelentes atrativos.
ATENDA O DESEJO DO CLIENTE - Para colher melhores resultados na Black Friday, o lojista precisa estruturar suas ofertas de acordo com o que o público espera. Faça uma pesquisa com os consumidores, o que eles esperam da empresa. Geralmente ofertas relacionadas a frete, kits exclusivos e parcelamento estendido e sem juros são os mais pedidos.
SEJA HONESTO E ACESSÍVEL - A empresa precisa passar muita confiança para o cliente. A recomendação é que seu site contenha informações atualizadas e corretas, tenha pontos de contato com chat, e-mail, telefone. Nas redes sociais, poste conteúdos com frequência e interaja com a audiência.
SEM BLACK FRAUDE - Faça descontos honestos, não tente enganar o consumidor com preços inflacionados para compensar o alto volume de descontos, isso joga contra sua marca.
SE PREOCUPE COM O PÓS-VENDA - Não se pode esquecer de realizar um pós-compra para garantir uma boa experiência para o cliente. Em uma compra on-line, a ansiedade do consumidor é alta, logo, quanto mais ágil for a empresa na expedição do produto, na entrega e no atendimento, melhor.
SE PREPARE COM ANTECEDÊNCIA - Por mais que a data seja na sexta-feira, o maior movimento de compras acontece na quinta, pois as empresas antecipam suas ofertas para alcançar mais rapidamente seus consumidores.
APROVEITE PARA RENOVAR O ESTOQUE - Uma das características
da Black Friday é zerar o estoque que foi se construindo ao longo do ano, e após a Black Friday, renová-lo se preparando para datas como Natal, Ano Novo e outras datas.
DESCONTO É IMÃ DE CONSUMIDOR - Boas promoções, este é o grande apelo da data, descontos de 50%, 60% são ótimas iscas para atrair consumidores.
ESTENDA A BLACK FRIDAY - Aproveite o máximo as promoções, não limitando ao dia da Black Friday, aproveitando períodos mais longos como Black Week ou Black November, deixando claro que a promoção é única e não irá se repetir após os estoques se esgotarem. Desta forma, os lojistas diluem o volume de vendas e trabalho durante mais dias, facilitando a operacionalização das vendas e tendo mais tempo para gerar valor ao cliente.
PREPARE OS CANAIS DE VENDAS - Não deixe a tecnologia de lado, verifique com seu fornecedor do e-commerce se ele está preparado para suportar o volume de acessos que sua loja espera. A Black Friday gera muito volume de acessos. É importante que seus servidores estejam preparados para garantir que seus consumidores tenham uma ótima experiência no processo. Não adianta você investir tempo e dinheiro em ações promocionais se na hora de comprar o consumidor tiver problemas com a navegação ou ‘dar de cara’ com sua loja fora do ar no momento mais importante que é a conversão.
Fonte: Babi Tonhelas e Franklin Bravos
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