O tempo passado em casa por causa das restrições impostas pela pandemia do coronavírus estreitou ainda mais a relação entre os animais de estimação e seus tutores. Passou a ser cada vez mais comum ver pets acompanhando seus tutores em bem mais lugares, para além do tradicional passeio para fazer as necessidades fisiológicas. Eles estão em shopping centers, hotéis, salões de beleza, bares e muito mais. Assim, cada vez mais estabelecimentos tratam de aderir ao conceito “pet friendly”, ou seja, de espaço que recebe também os bichinhos, visando melhor receber os clientes.
O empresário Leonardo Ferraz, 31, já produzia cerveja antes de abrir, este ano, uma cervejaria em sociedade com um amigo no bairro do Umarizal. E uma das primeiras decisões foi a de que seria um local “pet friendly”.
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“A gente já começou a planejar com essa certeza, porque tanto eu quanto meu sócio somos apaixonados por animais, inclusive tivemos uma cadela de estimação aqui no espaço por algum tempo. E também gostávamos da ideia de oferecer na cervejaria um ambiente para trazer pets, soltá-los, sem preocupação com ambiente restrito ou coisas do tipo”, explica.
Os pets visitantes têm acesso a água mineral oferecida pela casa, basta pedir a um dos atendentes. “Comida a gente não oferece porque tem, por exemplo, cães com restrições alimentares, não podem comer qualquer tipo de ração. Mas água e liberdade para circularem por onde quiserem a gente oferece”, convida Leonardo.
Os clientes reagem positivamente à possibilidade. “Tem gente que veio conhecer justamente porque somos pet friendly, tem quem só venha com o pet junto, acham moderno, pra frente. Pessoal parabeniza, porque ainda é algo novo em Belém”, reconhece.
A professora de Português Yara Coeli, 47, e a cadela Lolla, de seis anos de idade, são quase inseparáveis, então acaba que espaços que aceitam a permanência de animais têm um lugarzinho especial no coração da tutora. “Acaba que quando eu vejo um local ao ar livre ou com mesa do lado de fora eu já acho que posso levar a Lolla comigo”, diverte-se. Isso inclusive já rendeu uma situação inusitada para as duas: sentadas na área externa de uma peixaria, Yara acabou sendo maltratada por um garçom, e para evitar problemas, pediu que a refeição que esperava fosse inteiramente embalada para viagem.
“Só que logo em seguida chegaram umas crianças bagunçando tudo no restaurante, fazendo a maior zorra, enquanto a Lolla estava quietinha deitada debaixo da mesa, sem causar incômodo a ninguém. O garçom ficou tão sem graça que depois veio perguntar se eu não queria mesmo comer lá. Nunca mais voltei depois disso”, lembra.
Dentre os ambientes pet friendly em Belém, cafeterias, na opinião da professora, estão entre os melhores para frequentar. “Fazem promoções para que a gente leve o cachorro, anunciam nas redes sociais, eu acho super legal. Hoje percebo que há uma cultura de aceitação, até mesmo nos bares, restaurantes. Ainda estranho as limitações em locais como supermercados, farmácias, porque às vezes estou na rua com ela, preciso ir e não tenho nem como deixar a Lolla no carro e nem com quem deixar. Para mim, para muitos, o pet é filho mesmo”, reflete Yara.
Para se ter uma ideia do quanto o conceito pet friendly se expande, em um shopping center de Belém, há até mesmo um espaço dentro da praça de alimentação voltada para quem está com seu animalzinho e quer comer alguma coisa com o companheiro do lado. O aconchego do espaço o transformou em xodó dos visitantes - até mesmo de quem está lá sem nenhum animal a tiracolo. Assim como na cervejaria, no shopping também é oferecida água mineral, além de saquinho higiênico.
Na maioria dos espaços pet friendly as regras são as mesmas: limite de tamanho, restrição de porte e ainda impedimento do acesso a determinadas áreas, ainda mais em locais que servem alimentos. E, claro, o bom senso por parte dos tutores também faz parte desse combo, de saber e conhecer o temperamento do animal e avaliar se é realmente interessante a ideia de levá-lo para a convivência em espaços de maior movimento.
Servidora passou a optar por lugares pet friendly
A servidora pública Paloma Tavernard, 28, é tutora de Charlie, de quatro anos, um gatinho resgatado da rua e que desde que foi adotado por ela vai para tudo quanto é lugar na sua companhia - de hotéis fora e dentro do Estado a restaurantes, lojas e onde mais ele for aceito.
“A gente passou a optar por locais pet friendly para que o Charlie possa ir conosco. Ele ama passear e o passeio fica muito melhor na companhia dele! Quando queremos muito um restaurante que não aceita, ele fica em casa, mas isso se tornou exceção. Não dá para comparar Belém com São Paulo, por exemplo. Ainda temos poucas opções, porém, estamos evoluindo, aos poucos”, confirma.
“Os locais são administrados por empresários. Empresários visam lucro e precisam conhecer o mercado, né?! O mercado pet está aumentando demais. Eles são filhos. Você quer estar junto sempre que possível. Então, o empresário que for visionário passa a separar algum local que aceita pet”, recomenda.
Para não passar por qualquer mal-estar, Paloma sempre se informa antes se o estabelecimento recebe animais antes de ir ao local. “Então não recebemos reclamação nesse sentido. E Charlie é super comportado. Alguns locais que aceitam pet, em breve, podem deixar de aceitar por falta de noção dos tutores. Já presenciei casos do cachorro fazer suas necessidades no local e a família não limpar... Aquela velha história: por um, pagam todos…”, lamenta a servidora pública.
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