O rechaud, um utensílio culinário amplamente usado em eventos e refeições especiais para manter pratos quentes, oferece praticidade e estética à mesa. No entanto, o uso inadequado pode resultar em sérios acidentes.
Mas, afinal, você sabe como usar um rechaud corretamente? Conhece os perigos e os cuidados necessários para evitar acidentes? Sabe como proceder em determinadas situações de emergência?
Israel Souza, major do Corpo de Bombeiros e especialista na prevenção de acidentes domésticos, explica como usar o rechaud de maneira segura, seja em eventos ou no dia a dia. O primeiro passo, segundo ele, é posicionar o recipiente em uma mesa nivelada, longe de materiais inflamáveis e fora do alcance de crianças. “O acendimento deve ser feito com uma vela ou acendedor próprio para rechaud, como álcool sólido”, orienta.
O especialista também alerta para o uso de álcool específico e a necessidade de luvas térmicas durante o manuseio do rechaud. “Quanto ao apagamento, a orientação é simples: utilizar a tampa do fogareiro do rechaud para extinguir o fogo por abafamento”, recomenda.
Em casos de acidentes, como proceder?
Um dos casos mais recentes de acidentes envolvendo o uso de rechaud aconteceu em Belém durante a celebração de um aniversário que se transformou em uma noite aterrorizante. Ao menos duas pessoas ficaram feridas em um princípio de incêndio em uma casa de festas na capital paraense.
Convidados e familiares comemoravam o primeiro aniversário de uma criança quando o rechaud explodiu. A mãe da aniversariante e uma funcionária do local ficaram feridas. Na ocasião, testemunhas usaram as redes sociais para descrever os momentos de pânico. Relembre:
Cuidados redobrados após acidente
Miguel Antônio, que trabalha como garçom, relembra o acidente que sofreu durante o uso do rechaud. "Eu estava acendendo o rechaud com álcool 90, em um aniversário no qual estava trabalhando. Acostumado a colocar o álcool quase até a borda do queimador, uma faísca caiu na toalha e o fogo se espalhou, pegando em minha calça e camisa. Minha primeira reação foi pular na piscina, que estava cheia. Mesmo assim, acabei me queimando. Esse rechaud é muito perigoso, é preciso ter muito cuidado", alertou.
Após o acidente, Miguel conta que ficou receoso de usar o utensílio, mas precisava continuar trabalhando. Por isso, passou a redobrar os cuidados. "Antes, eu costumava encher o rechaud até o final para que durasse mais tempo. Agora, passei a abastecê-lo duas ou três vezes. Além de manter a comida mais quente durante o evento, estou garantindo a minha segurança", explicou.
Em caso de acidente envolvendo queimaduras de primeiro grau com dor controlada e vermelhidão no local, como a do garçom Miguel Antônio, o major do Corpo de Bombeiros afirma que as lesões “podem ser tratadas com água corrente”.
Já as queimaduras de segundo grau, que apresentam bolhas e dor intensa “exigem atendimento médico para avaliação e tratamento adequado”, segundo o especialista.
“Em todos os casos, é crucial evitar tratamentos caseiros, como passar manteiga e creme dental que podem agravar a situação com possíveis infecções”, alerta Israel Souza.
Basta pesquisar no Google as palavras “acidentes rechaud” para confirmar os riscos envolvendo a manipulação dos fogareiros, servindo de alerta não apenas para gestores de restaurantes, bares e buffets, como para quem faz uso em casa, no dia a dia ou em dias de eventos.
Para quem é adepto ao uso do rechaud, a orientação do Corpo de Bombeiros e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) é sempre se atentar aos procedimentos e normas de segurança e treinamento. Veja as dicas:
Quem reconhece a importância desses cuidados é o proprietário da empresa JS & Cia Buffet, José Santos, que trabalha com eventos. Segundo ele, seus funcionários passam regularmente por treinamentos que envolvem também o manuseio do rechaud.
"Atualmente, temos três funcionários que receberam instruções para trabalhar com o rechaud. Eles aprendem a manusear, a inserir o álcool apropriado, gel 80°, além de saberem o nível adequado do fogareiro. Afinal, são orientados que nunca devem reabastecer o fogareiro enquanto uma centelha de fogo estiver acesa, por exemplo", lembra José.
Por último, mas não menos importante, o organizador de eventos reforça que "nunca se deve mover o rechaud de um local para outro com o acendedor ligado. É necessário apagar antes de movê-lo”.
Manuseio seguro evita acidentes
A maquiadora Jane Velasco, usuária de rechaud desde os anos 90, compartilhou sua experiência positiva com o utensílio. Ela destaca a durabilidade e a qualidade do material, feito de aço inoxidável, que ainda se mantém em ótimas condições mesmo após décadas de uso.
A versatilidade na cozinha proporcionada pelo uso do rechaud também é um dos benefícios destacados por Jane, que aproveita para apostar na variedade de pratos que vão “desde moqueca de peixe até estrogonofe”.
A maquiadora também enfatiza a praticidade do utensílio na hora de servir, “podendo ser transferido diretamente do fogo para a mesa". Ela reforça a importância de “ter habilidade para garantir a segurança e evitar acidentes. Depois, é só servir e se deliciar”.
Graças aos cuidados e o uso correto do rechaud, Jane Velasco conta que nunca sofreu ou presenciou algum tipo de acidente. No entanto, a maquiadora está ciente dos perigos associados ao utensílio.
“Em casa, o rechaud está sempre presente no Círio, Natal, Ano Novo e em festas comemorativas. Quanto aos cuidados, sempre fico atenta com a alta temperatura. Outro cuidado é em relação ao manuseio, que aqui em casa sempre é feito por um adulto”, finalizou.
Repórter: Mayra Monteiro
Orgulhosamente paraense. Atua como repórter no DOL e assessora de comunicação do Instituto Tradição do Pará. Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Estácio FAP, é apaixonada por ouvir e contar histórias, assim como aprender e compartilhar experiências.
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