"Perdi a esperança de tudo. Ele era meu melhor amigo; eu contava tudo para ele. Então, quando ele faleceu, soube da pior maneira possível. Não pude olhar e não chorei. Isso foi em 2021. No ano seguinte, em 2022, perdi minha avó, outro baque, mais um choque. E no final de 2022, perdi meu emprego. Aí foi para cair de vez", relata o jornalista Vitor Ribeiro.
Ele viveu momentos de terror com um quadro de depressão severa após a partida de duas pessoas queridas da família. A condição o levou ao extremo e ele quase tirou a própria vida. Com a perda do pai, Vitor entrou em uma onda de tristeza, angústias e incertezas durante a pandemia de covid-19. Foi então que, mesmo sem estar preparado, ele tomou a responsabilidade de cuidar da casa para si. “O meu pai sempre teve o papel de cuidar de tudo e era algo que ele sempre falava [que precisava cuidar da família], eu comecei a cuidar da casa e eu tomei isso pra mim", relata.
Problemas no trabalho e busca por tratamento
"No final de 2023, quando fiquei desempregado, a situação ficou bem mais complicada. Eu buscava ajuda apenas na bebida. Foi a pior coisa", desabafa corajosamente Vitor, que percebeu a necessidade de buscar ajuda profissional.
Vitor não é o único que enfrentou momentos difíceis com a doença no país. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofrem com a depressão em todo o mundo. No Brasil, os números são alarmantes: dados do último mapeamento sobre a doença realizado pela OMS apontam que 5,8% da população brasileira sofre da doença, ou seja, mais de 11 milhões de pessoas.
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De acordo com a psicóloga clínica Amandda Albuquerque a depressão é algo patológico, uma doença semelhante a qualquer outra, mas com suas particularidades e persistência.
“Os sintomas da depressão, sobretudo a tristeza, persistem por semanas, meses e até anos, dependendo do tratamento. Ela vem acompanhada de outros sintomas, como alteração do sono e do apetite e o sentimento de desesperança na vida", explica.
Altos e Baixos
Sabendo que precisava de ajuda, Vitor buscou seu porto seguro, a mãe, e falou o que estava passando, buscando, posteriormente, ajuda médica especializada. Mas, como muitas outras pessoas que sofrem da doença, ele acabou interrompendo o tratamento, ocasionando em uma grande recaída. "Eu me aproximei da minha mãe e falei que estava precisando de ajuda", disse.
"Procurei um psicólogo e um psiquiatra, comecei a tomar remédios e houve uma melhora, mas cometi um erro ao parar de frequentar as consultas e tomar os remédios, o que resultou em uma recaída terrível. Tristeza, vontade de apenas beber, eu me afundei no álcool, tudo que eu tocava quebrava, todo mundo que se aproximava de mim parecia querer me fazer mal”, revela.
De acordo com a psiquiatra Luciane Farias Sena, que tem mais de 15 anos de experiência na área, o tratamento para a depressão com medicamentos gira em torno de 6 meses a um ano. “Segundo a literatura, o tratamento é em torno de 6 meses a uma ano, depois fazemos o desmame. Mas precisa passar pelo processo”, disse.
Sobre o "desmame" do medicamentos, ele deve ser feito gradualmente, a fim de evitar uma recaída e a necessidade de reiniciar o tratamento "do zero". Durante o processo de interrupção abrupta, vários hormônios podem sofrer alterações, resultando no retorno dos sintomas. “O pior erro que o paciente faz, é parar a medicação, o paciente deve continuar. O nível de serotonina e noradrenalina e dopamina no centro dele estavam equilibrados por conta do tratamento. Ele tira o remédio e cai o nível de todas essas substâncias”, disse.
Orientado pelo médico, o jornalista buscou o tratamento novamente, levando-o a sério desta vez. “Busquei novamente o tratamento, retomei os medicamentos e fui alertado para não parar de tomá-los por conta própria", conta.
O tratamento e a chegada do primeiro filho
Depois de uma reeducação em relação aos medicamentos e iminente chegada de um novo membro da família, Vitor se diz feliz com a nova fase. Ainda em tratamento, ele espera pelo seu primeiro filho, com a esposa que foi super importante em uma das batalhas mais difíceis de sua vida.
“Agora eu estou bem, sempre que eu acordo para baixo eu penso no meu filho, é meu porto seguro, minha razão de viver. Me encontrei no trabalho”, revelou.
“Hoje em dia uso quatro medicamentos, eu aceito super de boa, antigamente eu não aceitava, mas agora, graças a deus, estou de boa”, completou.
Repórter: Lucas Contente
“Muanense de sangue marajoara e alma paraense! Contente é formado em Comunicação Social - Jornalismo pela Faculdade Estácio Fap e Repórter do DOL desde 2021. Apaixonado por esportes, do skate ao futebol, não dispensa de jeito algum um açaí com peixe frito e um belo banho de rio.”
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