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O PERIGO MORA AO LADO

De queimaduras à morte! O risco de usar celular na tomada

O uso do celular na tomada pode trazer sérios riscos de acidentes e até mesmo, morte. Mas por que seu uso durante o carregamento não é recomendado? Saiba aqui!

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Imagem ilustrativa da notícia De queimaduras à morte! O risco de usar celular na tomada camera Apesar de ser uma prática comum, há riscos no uso do celular à tomada. | Foto: Reprodução/Shutterstock

A alta incidência de choques elétricos no Pará tem relação com hábitos nada seguros que se perpetuam dentro de casa. O que parece ser uma prática inofensiva pode causar problemas sérios e terminar em uma ocorrência grave. O mais comum delas é feito tem origem num costume repetido por quase todo mundo: usar o aparelho celular enquanto está sendo carregado na tomada. A praticidade, nesse caso, pode custar caro à saúde e à integridade física de quem se expõe a esse risco doméstico.

Apesar dos perigos, a prática já virou costume entre algumas pessoas, como no caso da jornalista e produtora cultural, Adriana Fukuoka. A comunicadora diz que embora saiba dos riscos que está correndo, já virou um hábito no dia a dia. “Tenho um vício, durmo com uma extensão ao meu lado, e estou o tempo todo com o celular na tomada. Tenho diversas extensões e uso em qualquer lugar”, relata.

Ela conta que ficou sabendo dos acidentes com o aparelho pela mãe e sinaliza que é um risco que se corre. “A minha mãe manda vídeos horrendos de pessoas que foram a óbitos de acidentes graves, mas eu ainda tenho esse costume. Há o risco de uma descarga elétrica e estamos no período de chuvas e raios. Deve ter alguma explicação lógica para tantos acidentes assim. “, concluiu.

E de fato, há uma explicação lógica para a causa de tantos acidentes elétricos envolvendo o celular. O assistente técnico da Equatorial Pará, Elton Lucena, falou sobre a gravidade do uso desses dispositivos durante o carregamento e destaca o cuidado que se deve ter durante a sua utilização. “Manusear o equipamento durante a carga, pode provocar superaquecimento da bateria e no circuito interno do dispositivo, principalmente em celulares que possuem a opção de recarga rápida, ou turbo", destaca

Lucena detalha que devido à grande quantidade de energia que é utilizada para essa recarga esse superaquecimento pode chegar a causar princípios de incêndio. Então, o cuidado com esse equipamento nesse momento, é extremamente importante.

Elton  Lucena - Assistente Técnico da Equatorial Pará.
📷 Elton Lucena - Assistente Técnico da Equatorial Pará. |Foto: Elton Lucena/Arquivo Pessoal

O técnico enfatiza ainda que é fundamental o uso de carregadores e cabos originais e recomenda evitar o uso de equipamentos de procedência desconhecida. “Para evitar acidentes com celulares, recomendamos o uso de carregadores e cabos originais, evitar comprar em locais que não tenham procedência. Equipamentos mais baratos podem gerar problemas porque não sabemos o modelo construtivo desse material, o que foi aplicado ali e isso pode potencializar uma sobrecarga, um superaquecimento e causar acidentes", pondera.

Queimaduras e até mortes: casos no Pará

No Estado do Pará, diversos casos aconteceram nos últimos anos. Em 2020, ainda durante a Pandemia da Covid-19, uma menina de apenas 11 anos acabou perdendo a vida após retirar um celular do carregador, em Canaã dos Carajás, sudeste do estado, devido um curto-circuito atingir a rede elétrica. Em agosto de 2021, na cidade de Marabá, região sudeste, Ligiane Moreira, 31, morreu após atender a uma ligação na hora em que o dispositivo carregava. No momento do acidente, a vítima estava molhada e recebeu uma descarga elétrica.

Em maio de 2022, mais uma vítima morreu ao utilizar o celular na tomada. Ednildo Amaral, 43, sofreu uma descarga elétrica na cidade de Moju. A família do homem disse que ele estava usando o dispositivo na tomada e ao mesmo tempo com um fone de ouvido.

Em março deste ano, no município de Mojuí dos Campos, oeste paraense, uma jovem de apenas 16 anos perdeu a vida após levar uma descarga elétrica enquanto utilizava o celular para estudar. No momento do acidente, o dispositivo estava conectado à tomada.

Apesar de ser uma prática comum, há riscos no uso do celular à tomada.
📷 Apesar de ser uma prática comum, há riscos no uso do celular à tomada. |Foto: Reprodução/Shutterstock

O Brasil possui 160 milhões de usuários de smartphones, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD - Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e publicados em 2023. Os números mostram que mais de 86% da população brasileira utiliza o aparelho celular para diversas funcionalidades. O país ocupa o quinto lugar no ranking mundial com o maior número de pessoas que usam o dispositivo, ficando atrás apenas da Indonésia, Estados Unidos, Índia e China.

Com a popularização dos smartphones, é comum as pessoas passarem a maior parte do dia conectadas, já que o dispositivo é uma ferramenta imprescindível e usada em praticamente todos os âmbitos da vida, como na hora de estudar, no trabalho, na criação de um negócio ou um novo empreendimento, se tornando também, o próprio instrumento de trabalho. O fato é: o celular hoje é mais que indispensável.

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Contudo, uma prática que vem chamando a atenção de especialistas entre a população usuária é o costume de usar esses aparelhos conectados à tomada, o que pode levar a sérios riscos.

Dormir com o celular na cama enquanto este carrega, manuseá-lo em extensões não originais ou de má procedência, especialmente, durante o carregamento, tem vitimado muitas pessoas por todo o país.

Jovens e adolescentes estão entre as maiores vítimas

O cenário que envolve esse tipo de acidente traz como principais vítimas os jovens e adolescentes. O principal fator para essas ocorrências se dá por conta de que esse público alvo possui mais propensão a estar conectado quase que integralmente à tela do dispositivo, utilizando celulares até mesmo dentro de banheiros, na hora de dormir e durante o carregamento à tomada.

Jovem jogando no celular.
📷 Jovem jogando no celular. |Foto: Reprodução

Dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) mostram que, apenas em 2023, foram registradas 341 mortes por acidentes de natureza elétrica na faixa etária de 11 a 15 anos de idade.

Em maio deste ano, um adolescente de 15 anos se tornou vítima de uma descarga elétrica, no município de Santa Rosa do Piauí (PI). Gabriel da Silva Lacerda foi manusear um celular após sair do banho e estava molhado. Ao cair, o jovem bateu com a cabeça no chão e morreu.

A importância da conscientização sobre os riscos da eletricidade

Dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), mostraram que em 2023 houve um aumento significativo nos casos de acidentes que envolveram acidentes elétricos com o uso do celular conectado à tomada em relação ao ano anterior, subindo para 19 o número de vítimas e totalizando 15 mortes em todo o país.

A associação faz um levantamento anual de acidentes elétricos (Anuário Estatístico) e os dados são analisados como forma de quantificar o número de acidentes com origem elétrica, direcionando ações e projetos que possam incentivar nas tomadas de decisões que possam reduzir índices dessa natureza.

O Engenheiro Eletricista e Diretor-Executivo da ABRACOPEL, Edson Martinho, comenta a relevância que esses dados trazem para a compreensão e orientação das pessoas diante dos riscos da eletricidade em todo o país. “Ele (anuário) se tornou um documento imprescindível para toda a população brasileira, seja para os profissionais de mídia que utilizam as bases de dados, como também para que empresas desenvolvam soluções para melhorar a segurança das pessoas. É utilizado por estudantes e profissionais para desenvolver trabalhos e também pela sociedade para compreender o porquê que as pessoas morrem ao manusear o celular na tomada, o porquê que eles podem explodir, o porquê de elas (pessoas) tomarem choque elétrico, descarga atmosférica, enfim. Isso ajuda nas políticas da própria Abracopel e da sociedade”, relatou.

Edson Martinho, Diretor-Executivo da Abracopel.
📷 Edson Martinho, Diretor-Executivo da Abracopel. |Foto: Edson Martinho/Arquivo Pessoal

Martinho citou que as principais causas de acidentes com celulares, acontecem ao colocar e retirar o carregador da tomada. “Normalmente se usa uma extensão ou uma tomada que já não está muito boa e a pessoa acaba encostando o dedo em uma parte energizada. Então, fique de olho ao ligar o carregador de celular na hora em que for fazer a conexão e verifique onde você está ligando. Veja se não tem danos na tomada para não encostar em nenhuma parte energizada,” detalhou.

Conforme dados gerais do Anuário 2023, de um total de 2.089 acidentes, 781 pessoas morreram vítimas de acidentes com eletricidade no país (choques elétricos, incêndios por sobrecargas de energia, como curto-circuito e descargas elétricas) como mostra o gráfico abaixo:

Gráfico divulgado pelo Anuário Estatístico 2024 - Abracopel
📷 Gráfico divulgado pelo Anuário Estatístico 2024 - Abracopel |Foto: Divulgação/Abracopel

A base de dados mostra que os acidentes envolvendo choques elétricos são os que mais fizeram vítimas no ano passado, seguido dos incêndios provocados por curto-circuito e por fim, os que envolvem descargas elétricas.

De que forma evitar acidentes durante o uso do celular?

Aqui vão algumas dicas que você pode seguir para evitar acidentes elétricos ao utilizar o celular:

  • Durante o carregamento do celular, desligue o aparelho;
  • Faça apenas uso de carregadores e extensões originais e reconhecidos pela Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL;
  • Evite usar o celular durante seu carregamento, a fim de que se evite o risco de superaquecimento que pode causar explosões;
  • Em dias de chuvas fortes ou tempestades, evite conectar o celular à tomada, já que as condições atmosféricas podem gerar descargas que apresentam riscos à rede elétrica;
  • Jamais e em hipótese alguma, use fone de ouvido com celular conectado à tomada;
  • Nunca abafe o celular durante o carregamento;
  • Não deixe o dispositivo carregando debaixo do travesseiro;
  • Nunca deixe seu celular em superfícies molhadas ou úmidas e evite tocar no aparelho com as mãos ou o corpo molhado durante a recarga;
  • Após o carregamento, retire o carregador da tomada;
  • Faça reparos na rede elétrica da sua residência.

Esta reportagem foi feita por Letícia Corrêa: jornalista paraense e mamãe da Helena Cecília de 3 anos. Adora escrever sobre diversos assuntos e nas horas vagas, gosta de estar junto à família, ouvir música e ler".

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