Hipocondria: quando a preocupação com a saúde vira problema?

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), apontam que até 10% da população já apresentou algum grau de hipocondria – um transtorno de ansiedade que se caracteriza pelo medo ou aflição constante com a possibilidade de ficar doente. Os sintomas podem ter diferentes graus, mas em alguns casos existem pacientes que perdem qualidade de vida com este tipo de preocupação, pois passam a buscar, de forma constante, a realização de exames médicos ou se isolam para evitar contato com algo que possa lhe causar dano.

“A principal diferença entre a hipocondria e uma preocupação normal com a saúde é a intensidade e a persistência do medo. Enquanto uma pessoa saudável pode se preocupar com sintomas eventuais, uma pessoa com hipocondria acredita firmemente que está doente, o que pode levar a consultas médicas repetidas, exames desnecessários e angústia constante, mesmo quando os resultados são normais”, explica a psiquiatra Daniele Boulhosa.

Segundo a profissional, vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da hipocondria, incluindo uma predisposição genética para transtornos de ansiedade, experiências traumáticas com a saúde na infância, ou até mesmo a presença de doenças graves em familiares próximos. “O ambiente social também desempenha um papel importante, pois pessoas com pouca educação sobre saúde ou que estão expostas a informações alarmantes sobre doenças podem ser mais propensas a desenvolver essa preocupação excessiva”, informa Boulhosa.

E é justamente neste contexto de informações confusas ou pouca qualidade que entra uma nova forma de hipocondria que tem se espalhado inclusive em pessoas que não tinham propensão ao problema, é a cibercondria. Com o fácil acesso a informações de saúde online, muitas pessoas começam a pesquisar seus sintomas e acabam se deparando com diagnósticos alarmantes, o que pode aumentar o medo de ter doenças graves. “As redes sociais muitas vezes perpetuam relatos sensacionalistas e informações não verificadas, o que alimenta a ansiedade. A constante exposição a essas informações pode fazer com que as pessoas fiquem obcecadas pela ideia de estarem doentes, em um ciclo vicioso de busca por mais informações”, alerta a especialista.

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Tratamento

• O tratamento mais eficaz para a hipocondria envolve uma combinação de terapias psicológicas e, em alguns casos, medicação. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é amplamente utilizada, pois ajuda a pessoa a identificar e modificar padrões de pensamento distorcidos relacionados à saúde. Em alguns casos, medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos podem ser prescritos para aliviar a ansiedade associada.

• Seja em casos de hipocondria ou cibercondria, o acompanhamento médico é importante, sendo importante também o paciente confiar no diagnóstico e na avaliação do profissional que pode dirimir dúvidas e medos infundados. “Uma dica é focar no bem-estar mental e praticar atividades que promovam o equilíbrio emocional, como meditação, exercícios físicos e hobbies, para evitar que a ansiedade sobre a saúde domine a mente”, aconselha Daniele Boulhosa.