A publicação de três contratos da Secretaria Municipal de Cultura (SECULT) para as comemorações do aniversário de Ananindeua reacendeu o debate sobre a destinação dos recursos públicos no município. Somente um dos shows contratados custará R$ 630 mil aos cofres municipais, valor que chama atenção por si só e ganha ainda mais peso quando somado aos demais cachês, elevando o gasto total para R$ 950 mil.
As contratações, formalizadas em dezembro de 2025 e custeadas com recursos não vinculados de impostos, ocorrem em um contexto de críticas recorrentes da população à precariedade de serviços essenciais, como a coleta de lixo e o atendimento na rede pública de saúde, ampliando questionamentos sobre as prioridades da gestão municipal.
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Os contratos foram assinados no dia 23 de dezembro de 2025 e publicados no Diário Oficial do Município (edição nº 4713), chamando atenção pelos valores elevados dos cachês, especialmente em um cenário de reclamações recorrentes da população sobre serviços essenciais.
De acordo com os extratos contratuais, a artista Viviane Batidão foi contratada por R$ 270 mil, por meio da empresa Viviane Batidão Shows Ltda. O valor que mais chamou atenção foi o que será destinado ao do cantor Zé Felipe, representado pela empresa Forvibes Music Ltda, que recebeu o maior cachê: R$ 630 mil por uma única apresentação de apenas 30 minutos. O terceiro contrato, firmado com a empresa Same Promoções e Fomento Ltda, prevê o pagamento de R$ 50 mil pelo show do grupo Trímanos.
Somados, os três contratos atingem a cifra de R$ 950 mil, todos custeados com recursos não vinculados de impostos, conforme a classificação orçamentária da própria SECULT. As contratações foram feitas por execução indireta, com base na Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de Licitações), e possuem vigência de três meses, apesar de se destinarem a apresentações pontuais dentro da programação festiva do aniversário da cidade.
Os extratos não detalham critérios de economicidade, comparação de preços de mercado ou justificativas públicas para os valores pagos, limitando-se a informar que os artistas são “exclusivos” das empresas contratadas. A ausência de explicações mais aprofundadas reforça questionamentos sobre a priorização dos gastos públicos pela gestão municipal.
VEJA OS CONTRATOS ASSINADOS


Lixo acumulado e saúde precária contrastam com gastos milionários
Enquanto a Prefeitura destina quase R$ 1 milhão para shows, moradores de Ananindeua seguem enfrentando problemas crônicos na coleta de lixo e no sistema de saúde pública. Em diversos bairros, há relatos constantes de lixo acumulado em vias públicas, atrasos na coleta e riscos sanitários, especialmente durante o período chuvoso.
Na área da saúde, as queixas incluem falta de medicamentos, demora no atendimento em unidades básicas e sobrecarga nas UPAs, além de denúncias sobre estrutura precária em postos de saúde. A disparidade entre os investimentos em eventos festivos e as dificuldades enfrentadas diariamente pela população levanta críticas sobre as prioridades da administração municipal.
Os contratos são assinados pela secretária municipal de Cultura, Ana Marcelle Nobre Barroso Soutinho, e reforçam o debate público sobre o uso dos recursos municipais em um contexto de demandas urgentes por melhorias nos serviços essenciais.
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