Culinária é com o paraense mesmo

Um dos orgulhos do paraense é morar em um Estado com uma gastronomia tão boa. E pode se orgulhar também de ver essa opinião chancelada por quem mora fora. Pesquisa recente divulgada pelo Ministério do Turismo mostra que o índice de aprovação dos estrangeiros que visitaram o Pará em 2016 atingiu nada menos que 99,2% - acima da média nacional de 95,4%. Um resultado que ratifica a realidade de que o Pará tem um turismo gastronômico cada vez mais atraente.

O casal Flávia e Sílvio Lopes, 41 e 39 anos, respectivamente, se mudou para Fortaleza há 2 anos e meio, e, a partir dessa nova fase de vida, passou a ter Belém como uma saudade constante. “A gente volta para rever a família e os amigos, e para matar saudade das comidas”, conta Flávia, que conseguiu participar do Círio na capital este ano. E como das outras vezes, foi botar os pés na cidade para correr atrás do peixe, do açaí e de um dos lanches favoritos: o cachorro quente.

Um detalhe: na capital cearense, Sílvio, que é chef de cozinha, tem um bike café que resgata a tradição dos cafés da serra do Ceará, e Flávia, que trabalha como assistente administrativa, se diz uma amante da arte de comer bem. “Muita gente pegou carona nessa onda dos ingredientes amazônicos. Novas receitas vêm surgindo. Em Fortaleza mesmo temos um cantinho para comer comida paraense”, revela. O que não significa que eles deixem de voltar para casa lotados de isopores com farinha, tucupi, jambu...

SABORES

A experiência de se afastar da terra natal fez com que eles se apaixonassem ainda mais pelos sabores do Pará. “Longe, a gente gosta bem mais do que antes”, destaca Flávia, que concorda com os resultados da pesquisa do Ministério do Turismo.

“Por onde a gente passa e fala que somos do Pará, as pessoas comentam sobre a comida. Quem não conhece, quer conhecer. Quem já provou, adora”, fala. Para Flávia, o mais importante é não deixar essa onda passar. “Que haja outros incentivos ao turismo, para que as pessoas queiram vir pra cá e possam encontrar uma cidade limpa, segura, com atrativos que não se resumam só na gastronomia”, sugere. “O Governo tem de ser parceiro da iniciativa privada, mas infelizmente não é o que acontece. Se conseguirmos formar uma cadeia produtiva eficaz, todos ganham”, aposta.

VERSATILIDADE

Publicitário do Coentro Gastrocom, que presta assessoria e consultoria na área, Marcos Médici, 35, tem se dedicado à comunicação gastronômica e a uma grande paixão: a coquetelaria baseada em ingredientes regionais. Apaixonado pela culinária paraense, ele critica a forma como o turismo gastronômico tem se desenvolvido no Pará.

“Existe, sim. Mas é muito mal estruturado. Não tem incentivo governamental da forma correta e, até pouco tempo, a gastronomia nem era vista como uma possibilidade motivacional para o turismo local”, avalia. Ele entende que foi a excelência de nomes como Paulo Martins e os irmãos Castanho que abriu um caminho rumo a esse mundo de deliciosas possibilidades

Ainda sobre a pesquisa do Ministério do Turismo, o publicitário lista os motivos para os sabores paraenses fazerem tanto sucesso em paladares estrangeiros. E faz um elogio especial para um ingrediente. “Temos uma culinária riquíssima e praticamente baseada no produto mais brasileiro de todos, a mandioca. Com ela se faz tudo, o resto vem para acrescentar, mas a estrela dos derivados dela é o tucupi”, enaltece. “Somado a isso outras estrelas como nossos peixes, o jambu e a chicória, nossas frutas, é tudo muito diferente e único”, resume.

(Carol Menezes)