O deputado Federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, já foi citado 96 vezes durante depoimentos prestados por testemunhas na CPI da Pandemia, no Senado. Barros foi apontado pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) como o principal responsável por irregularidades nas negociações de compra da vacina indiana Covaxin. Segundo Luís Miranda, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sabia das irregularidades nas tratativas de compra da Covaxin, mas nada fez para impedir as práticas criminosas, como supostos pedidos de superfaturamento e de propina a atravessadores.
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Levantamento feito pelo portal de notícias Metrópoles, com base nas agendas de autoridades federais, mostra que Ricardo Barros esteve reunido pelo menos 11 vezes com a cúpula do governo Bolsonaro, sendo quatro reuniões com o próprio presidente, entre 20 de março e 9 de julho. Segundo os irmãos Miranda, foi no dia 20 de julho que eles estiveram reunidos com Bolsonaro para denunciar ao presidente o esquema de corrupção no Ministério da Saúde, encontro no qual Bolsonaro teria dito que "isso é coisa do Ricardo Barros".
Recentemente, Bolsonaro confirmou ter se reunido com Miranda, mas afirmou que o deputado não relatou suspeitas de corrupção – até agora não atestou nem desmentiu, contudo, ter se referido a Barros no encontro.
De acordo com um levantamento feito pelo Metrópoles, com base nas agendas de autoridades, Barros esteve quatro vezes com Bolsonaro, entre 20 de março e 9 de julho: dois encontros privados e dois com a presença de mais pessoas.
A primeira reunião com Barros ocorreu em 22 de março, dois dias após Bolsonaro ter falado com Miranda. A agenda, que durou 15 minutos, contou com a presença do então chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e os líderes do Governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Em 24 de abril, Barros e Bolsonaro se reuniram por 20 minutos, no gabinete presidencial do Planalto. Os dois estavam a sós, segundo os registros oficiais. O mesmo ocorreu em 17 de maio, em agenda que durou 25 minutos.
Em 25 de maio, Ricardo Barros participou de reunião com Bolsonaro e outras autoridades, como o presidente da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB), Mirocles Campos Véras Neto.
O líder do Governo na Câmara também se reuniu uma vez com o ministro da Secretaria-Geral, Onyx Lorenzoni, em 17 de maio. Segundo os registros oficiais, o encontro durou meia hora.
Fechando as reuniões com a cúpula do governo, Ricardo Barros teve outras seis agendas com a chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. A ministra é responsável pela articulação do Executivo com o Legislativo.
Semanalmente, Flávia Arruda se reúne com os líderes do Governo no Congresso, no Senado e na Câmara. Desde as denúncias envolvendo o nome de Barros, foram registradas reuniões em 7 de maio e 7, 14, 21 e 28 de junho. Os encontros ocorreram por videoconferência. De acordo com a agenda da ministra, no entanto, em 21 de junho, Barros participou da reunião de líderes de forma presencial, no gabinete da ministra.
Em 26 de maio, Flávia Arruda recebeu Barros e o deputado Júlio Cesar (PSD/PI). O encontro durou 30 minutos. Para além das reuniões com a cúpula do governo, Ricardo Barros ainda esteve com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em 28 de abril.
O Metrópoles entrou em contato com Ricardo Barros. Em nota, o deputado afirmou que só teve conhecimento das denúncias no dia do depoimento de Luis Miranda à CPI da Covid, em 25 de junho, e que tratou do assunto com a ministra Flávia Arruda e o ministro Onyx Lorenzoni. Ele não fez menção ao presidente Bolsonaro.
“Reforço que reuniões fazem parte da rotina da minha função de parlamentar e de líder do Governo. São agendas registradas, transparentes e divulgadas oficialmente, nas quais são debatidas, entre outros assuntos, demandas dos municípios, votações de interesse do país, projetos que estão em análise na Câmara ou que serão enviados”, informou Barros à reportagem.
Sobre o encontro com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Barros ressaltou que, na ocasião, foram tratados temas relacionados aos municípios que representa.
Procurada, a Secretaria de Governo da Presidência reafirmou o papel da pasta, que é responsável pela articulação do governo federal, e disse que, como Ricardo Barros é o líder do Governo na Câmara, “ele participa de todas reuniões de líderes e de outras que são de interesse dos parlamentares”.
O Metrópoles também entrou em contato com o Palácio do Planalto e a Secretaria-Geral. Não houve resposta. O espaço está aberto para eventuais manifestações.
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