
É provável que você já tenha enfrentado ou conheça alguém que lide com questões de saúde mental, especialmente relacionadas ao ambiente de trabalho. Esse fenômeno, infelizmente, tem suas razões
Dados do Ministério da Previdência Social apontam que, em 10 anos, houve aumento de 68% no número de afastamentos do trabalho por conta de transtornos de ordem mental no Brasil. Somente em 2024, foram registradas 472.328 licenças, 68% a mais que no ano anterior, com 283 mil afastamentos.
“Vivemos em uma era de cobranças excessivas, incertezas e mudanças aceleradas. A pandemia agravou ainda mais esse quadro, aumentando o isolamento e a sensação de desamparo. É urgente que as empresas e a sociedade como um todo priorizem a saúde mental, oferecendo suporte e prevenção”, destaca a psicóloga Melissa Fecury.
Separados por diagnóstico, a ansiedade lidera o ranking de doenças que mais acometeram os trabalhadores, com 141.414 licenças. A depressão aparece em seguida, com 113.304 pessoas diagnosticadas, seguida por depressão recorrente, com 52.627 afastamentos.
“O aumento gradativo do adoecimento emocional está intimamente relacionado à dinâmica social, que tem mudado e transformado o cotidiano em uma experiência envolvida por tensão, conflitos, competições e desrespeitos diários nas diversas instâncias da sociedade. Inicia nas famílias, passa por escolas, universidades e locais de trabalho. O humano é um ser social. Se esses ambientes adoecem, as pessoas se impregnam com essa turbulência. A pandemia só piorou o cenário, trazendo à tona reflexões sobre a temporariedade da vida”, explica a médica psiquiatra, Simone Paes.
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A especialista alerta ainda para o papel das políticas públicas e das organizações no combate ao problema, incluindo a oferta de acesso aos meios de tratamento. “O trabalhador precisa conhecer seus direitos, saber que o bem-estar emocional é tão importante quanto o físico, aprender a reconhecer seus limites emocionais e ter um local onde requisitar apoio em caso de adoecimento. Reconhecer que não está bem é imprescindível”, diz.
Estigmas
O preconceito em relação à saúde mental ainda é uma barreira significativa que impede muitas pessoas de buscar ajuda profissional. Esse fator, muitas vezes, influencia diretamente para que doentes silenciem dores internas.
“Entender o adoecimento emocional como fruto de desgastes nessa área, tanto quanto o adoecimento físico, seria uma saída triunfal para esse preconceito. Corpo e mente se entrelaçam de forma necessária para o funcionamento pleno do ser humano”, afirma a psiquiatra.
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No ambiente corporativo, segundo a médica, é fundamental que campanhas de informação, palestras e debates sobre a temática sejam realizadas, fatores que ajudam a desmistificar os transtornos mentais. Além disso, é importante manter um ambiente acolhedor e com políticas claras de incentivo ao cuidado.
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