
A partir de agora, a triagem para o diabetes tipo 2 deverá ser iniciada aos 35 anos, mesmo em indivíduos sem sintomas ou fatores de risco evidentes. A mudança integra as novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e tem como objetivo a detecção precoce da doença, especialmente em um contexto de aumentos nos casos de obesidade e sedentarismo.
Publicada em março na revista “Diabetology & Metabolic Syndrome”, a atualização também estabelece novas orientações para o rastreamento em crianças e adolescentes, além de modificar os critérios para exames de diagnóstico. O foco da SBD é ampliar o alcance da triagem, dada a crescente incidência do diabetes tipo 2, que afeta cerca de 10% da população brasileira.
Aumento dos casos da doença e mudanças na triagem
O diabetes tipo 2 tem se tornado um problema global, causado principalmente pelo aumento dos casos de sedentarismo e obesidade. De acordo com a 11ª edição do Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF), 589 milhões de adultos vivem com a doença no mundo. No Brasil, a estimativa é de que 20 milhões de pessoas convivam com o diabetes.
Até então, a recomendação era que a triagem fosse feita a partir dos 45 anos. Porém, com o aumento dos casos entre os mais jovens, a SBD agora sugere que todos os adultos a partir dos 35 anos realizem o rastreio, independentemente da presença de sintomas.
Para quem é mais jovem e tem sobrepeso ou obesidade, a triagem também pode ser indicada, caso haja pelo menos um fator de risco adicional, como histórico familiar de diabetes, hipertensão ou doenças cardiovasculares.
O endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein, ressalta a importância dessa mudança. “Cada vez mais vemos pessoas jovens com alterações na glicemia associadas a fatores como obesidade e sedentarismo. O diabetes é uma doença silenciosa e, quando a glicemia começa a subir, o risco de complicações cardiovasculares já está presente. Diagnosticar cedo é essencial para prevenir problemas futuros,” explica.
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Novidades nos exames de diagnóstico
As novas diretrizes mantêm os testes de glicemia de jejum e hemoglobina glicada (A1c) como as principais ferramentas para o diagnóstico inicial. Para confirmar o diagnóstico de diabetes, os dois exames devem ser realizados em conjunto. Caso ambos apresentem resultados alterados, o diagnóstico é fechado sem a necessidade de novos testes. Quando apenas um dos exames estiver alterado, uma nova coleta será necessária.
Além disso, a grande mudança está no teste de tolerância à glicose oral (TTGO), que agora será realizado com uma coleta de sangue uma hora após a ingestão da solução de glicose, ao invés de duas horas como era feito anteriormente. Essa mudança tem como objetivo identificar precocemente casos de pré-diabetes, possibilitando intervenções mais rápidas.
Segundo Rosenbaum, a alteração no TTGO pode aumentar em até 40% a detecção de casos de pré-diabetes. “Detectar alterações discretas nos níveis de glicose permite iniciar precocemente intervenções preventivas, sobretudo não farmacológicas, como dieta e atividade física, medidas simples que podem evitar a progressão da doença e suas consequências a longo prazo”, ressaltou o endocrinologista.
Melanie Rodacki, endocrinologista e uma das autoras da atualização, explica que, ao identificar elevações discretas nos níveis de glicose, é possível adotar medidas preventivas, como mudanças na dieta e no estilo de vida, para evitar a progressão da doença.
“Sempre houve dúvidas sobre como conduzir o rastreamento, então desenvolvemos um material baseado em evidências científicas, para ajudar médicos de todo o país a agir com segurança, no tempo certo, e de forma prática, facilitando o diagnóstico precoce em diferentes contextos do sistema de saúde”, disse Rodacki.
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Diagnóstico precoce
De acordo com a autora Melanie Rodacki, o rastreamento precoce tem o poder de prevenir complicações graves, como infartos e AVCs, ao detectar alterações iniciais na glicemia. O novo protocolo é mais simples e acessível, o que facilita a implementação em diversos centros de saúde no Brasil.
Além disso, as novas diretrizes trazem um fluxograma clínico detalhado, que orienta os médicos sobre como conduzir o rastreamento em diferentes perfis de pacientes, tornando o processo mais eficiente e seguro.
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