
É cada vez mais difícil para pais e mães estabelecerem limites em meio à enxurrada de estímulos digitais que cercam crianças e adolescentes. Se de um lado há alertas científicos sobre os riscos do uso precoce de celulares e redes sociais, do outro, há a constante pressão social para que os jovens estejam conectados. Em meio a esse dilema, um grupo de famílias decidiu agir em conjunto.
Nesta quarta-feira (7), será lançado oficialmente o Movimento Desconecta, uma iniciativa que propõe um pacto coletivo entre pais para adiar o contato dos filhos com celulares e redes sociais. A ideia é simples: os responsáveis assinam um compromisso público se comprometendo a não entregar o primeiro smartphone antes dos 14 anos e a evitar o acesso às redes sociais até os 16. A proposta está disponível para adesão na plataforma do movimento.
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A iniciativa nasceu em abril do ano passado, entre famílias de uma escola particular de São Paulo. Preocupados com os efeitos do uso precoce da tecnologia digital, pais e mães buscaram uma solução em conjunto, com base em evidências científicas e no apoio mútuo.
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"Por um lado, estudos e especialistas recomendam que o acesso só aconteça na adolescência. De outro lado, há uma pressão social para a inserção no mundo digital. Os pais ficam em um beco sem saída. Mas, se houver um combinado com todo mundo, a decisão fica mais fácil de ser tomada e cumprida", afirma a designer gráfica Mariana Uchoa, mãe de três filhos e uma das idealizadoras do movimento.
PREJUÍZOS ASSOCIADOS AO USO DE CELULARES
O Desconecta se apoia em uma ampla gama de estudos que apontam prejuízos associados ao uso precoce dessas tecnologias. A Unesco, por exemplo, alertou recentemente para impactos na aprendizagem, concentração e foco.
Além disso, dezenas de pesquisas indicam consequências sérias para a saúde mental dos jovens, como dependência digital, ansiedade, depressão e até casos de automutilação e suicídio.
EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS
Inspirado por experiências internacionais, o movimento brasileiro segue os passos de campanhas como o Wait Until 8th, dos Estados Unidos, que defende o adiamento da entrega de smartphones até o 8º ano escolar (em torno dos 14 anos), e o britânico Smartphone Free Childhood, que já mobilizou mais de 60 mil famílias.
Entre as principais referências do Desconecta está o psicólogo americano Jonathan Haidt, autor do livro "A Geração Ansiosa", que analisa o colapso da saúde mental de jovens em escala global. Dados recentes revelam que, no Brasil, os casos de ansiedade entre crianças e adolescentes ultrapassaram, pela primeira vez, os índices registrados entre adultos.
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