Uma postagem da jornalista e historiadora paraense Rose Silveira, no Facebook, apontou uma referência curiosa do filme hollywoodiano “No coração da escuridão”, de 2017, que pode passar despercebida por boa parte do público: em uma das cenas, o ator principal usa um colete que leva a foto de dois paraenses que se tornaram mártires e símbolos da luta contra o desmatamento e pela defesa do meio ambiente.
Na cena citada por Rose Silveira, o personagem reverendo Toller (vivido pelo ator Ethan Hawke) usa um colete à prova de balas com uma pequena foto estampada em um dos bolsos: a imagem é do casal de ambientalistas paraenses José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva morto por pistoleiros em maio de 2011 na cidade de Nova Ipixuna, sudeste do Pará.
Na postagem, a jornalista questiona: “fiquei pensando em como as informações circulam e como se deu a escolha do diretor Paul Schrader para propor essa ‘homenagem’”.
A trama de “No coração da escuridão”, que versará, dentre outros pontos, sobre a questão do meio ambiente e do envolvimento da igreja com grandes corporações responsáveis pelo desmatamento, resgata os nomes dos paraenses assassinados como mártires da luta pela defesa da floresta.
“José Cláudio Ribeiro da Silva e a esposa dele Maria foram mortos a tiros em 2011 na Amazônia. Eles protestavam contra o desmatamento da floresta. Dorothy Stang, em 2005, uma freira de Ohio. Qual o propósito da morte deles?”, questiona um dos personagens ao reverendo Toller, em determinado momento do filme.
Em outro trecho do roteiro, o casal é retratado como “mártires da Amazônia” e que simboliza luta assumida pelo personagem de Ethan Hawke. Mas essa não é a primeira grande homenagem recebida pelos paraenses.
HOMENAGEM DA ONU
Em uma homenagem da Organização das Nações Unidas, de 2021, o casal de ambientalistas recebeu o prêmio póstumo de “Heróis da Floresta” (Forest Heroes).
CONDENAÇÃO DOS ENVOLVIDOS
Em 2020, Lindojhonson Silva Rocha, um dos assassinos do casal de ambientalistas, foi recapturado após escapar de uma penitenciária em Marabá no final de 2015. Lindojhonson foi condenado pela Justiça paraense, em 2013, a 43 anos de prisão.
O mandante do crime, José Rodrigues Moreira, foi condenado a 60 anos de reclusão, em dezembro de 2016. O primeiro julgamento de Rodrigues ocorreu em maio de 2013 na cidade de Marabá, e ele havia sido absolvido.
Os advogados assistentes de acusação e o Ministério Público entraram com recurso solicitando a anulação do julgamento de José Moreira no Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) em agosto de 2014. O recurso foi aceito, e os desembargadores anularam o julgamento e decretaram a prisão preventiva de Rodrigues.
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