plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 25°
cotação atual R$


home
OUTSIDE

Dilemas da Fé: estão dando a César aquilo que é de Deus

O púlpito da igreja que antes servia como lugar de adoração a Deus, deu lugar para a idolatria. Líderes gananciosos estão dando lugar de destaque e honra, para homens, ao invés de honrar somente o nome de Deus.

Imagem ilustrativa da notícia Dilemas da Fé: estão dando a César aquilo que é de Deus camera DEMAX SILVA SARMENTO

Quando eu era criança, não conseguia entender o significado da expressão: “Dai a César o que é de César, e dai a Deus o que é de Deus”. Em minha inocência, achava que se tratava de mais um “ditado popular”. Anos mais tarde, descobri que a frase havia sido dita por Jesus e passei a entender o seu real significado.

Nos dias atuais, essa frase tão emblemática de Cristo, passou a ser usada como uma espécie de "toma lá, dá cá". Como uma barganha. E os responsáveis por essa deturpação, é a própria igreja, que se deixa levar por líderes gananciosos, que visam somente, o enriquecimento e a busca incessante de poder.

A frase: “Dai a César o que é de César, e dai a Deus o que é de Deus", se encontra nos evangelhos sinóticos de Mateus 22, Marcos 12 e Lucas 20. Sendo que sua expressão, também retrata a realidade vivida pelo povo judeu daquela época: onde eram obrigados a pagar impostos à Roma, devido seu território ter sido subjugado pelo Império Romano.

Em sua quase totalidade, as chefias religiosas judaicas não se curvaram aos ensinamentos de Jesus. Dentre os que resistiram a esses ensinamentos, destacaram-se os fariseus, os quais, além das suas arraigadas convicções, tinham interesses políticos e econômicos. Por isso, apresentaram um dilema para Jesus, o qual, qualquer que fosse a resposta dada, tinham como intenção, ridiculariza-lo perante o povo.

Leia também: Dilemas da fé: Transformaram Deus, em um Deus sanguinário

Leia também: Jesus nunca se uniu a intolerantes nem julgou os diferentes

Leia também: O moralismo e a igreja

Os versículos 15 ao 22, do evangelho de Mateus (capítulo 22), narra essa cena:

“... Mestre, sabemos que és íntegro e que ensinas o caminho de Deus conforme a verdade. Tu não te deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes à aparência dos homens. Dize-nos, pois: Qual é a tua opinião? É certo pagar imposto a César ou não? Mas Jesus, percebendo a má intenção deles, perguntou: “Hipócritas! Por que vocês estão me pondo à prova? Mostrem-me a moeda usada para pagar o imposto”. Eles lhe mostraram um denário. E ele lhes perguntou: “De quem é esta imagem e esta inscrição? “De César”, responderam eles. E ele lhes disse: “Então, dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

O César, citado por Jesus, não se tratava de Júlio César (líder militar e político romano, que desempenhou um papel crítico na transformação da República Romana no Império Romano), mas sim, dos imperadores romanos, os quais tinham o título e o nome de César, como representantes da autoridade máxima e do comando do império.

No período histórico em que Cristo proferiu essa frase, o “César” era o imperador Tibério (o qual reinou de 14 a 37 d.C.) e todas as autoridades que o representassem no território da Judeia, à época ocupada pelos romanos. E como cidadãos de um território ocupado pelos romanos, os judeus eram obrigados a pagar impostos a César.

Portanto, a resposta de Cristo era uma questão bem complicada. Caso ele tivesse respondido que não deveria pagar impostos à Roma, os herodianos e os fariseus o acusariam de insurreição contra o poder dos romanos. Ao contrário, se Cristo tivesse respondido diretamente que sim, os judeus o teriam acusado de concordar com a exploração à qual os romanos submetiam o povo judeu. Mas Jesus já sabendo da intenção dos fariseus, deixa à consciência moral dos seus acusadores, escolher pessoalmente o que cada um deseja fazer. Eles não foram aconselhados a não pagar os impostos, mas ao mesmo tempo foram aconselhados a dar valor às coisas de Deus.

A frase: “Dai, a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus”, significa o seguinte: cada coisa tem o seu devido lugar, sem que necessariamente, devam se misturar.

Um olhar sobre a política…

Na política, por exemplo, enquanto cidadãos, não podemos negligenciar nosso dever cívico, e nossas obrigações para com a sociedade. Mas isso não quer dizer que devemos "misturar" nosso dever cívico com as coisas da igreja. Ou seja, a igreja ou sua membresia, deve ser livre para votar em quem quiser. Sem que sofra pressão por parte de sua liderança. Pois é sabido que na política, em se tratando do eleitorado, o voto é pessoal e intransferível. E é preciso que possamos compreender que para Cristo, pouco importa sua ideologia política, pouco importa se você é de direita ou esquerda. Pois no púlpito, na igreja e na vida, o único que deve ser adorado é Deus, mas infelizmente o que vemos, é algo totalmente contrário.

Líderes gananciosos, estão transformando a igreja, numa espécie de "curral eleitoral", dando voz e vez a políticos que sobem em seu púlpito, como verdadeiros "deuses". Sendo idolatrados e recebendo toda a honra, a qual deveria ser dada somente à Deus.

Leia também: Dilemas da Fé: Nem todo cristão é evangélico ou protestante

Leia também: Dilemas da Fé: A igreja também é lugar para pecadores

Leia também: A política e a Igreja evangélica

Por falta de discernimento e estudo da palavra, muitos crentes estão se deixando levar por ideologias e convicções erradas. Pastores estão deixando ensinamentos apóstatas, adentrarem às igrejas. Então o que vemos é uma onda de fanatismo que toma conta do povo de Deus.

Líderes estão se vendendo à política corrupta e à políticos que flertam com a tortura, com a injustiça social e com o discurso de ódio. Gestos e atitudes que em nada tem haver com Jesus, estão sendo ensinados em várias denominações, espalhadas em todo o país. Por sua vez, a membresia parece se deixar levar por tais ensinamentos, replicando dia após dia, a mesma doutrina doentia.

A bancada evangélica existente no congresso, que deveria ao menos, fazer política com o olhar de Cristo: visando o bem estar de todos e principalmente do mais necessitado, parece estar aquém dessa realidade. Pois as pautas defendidas por essa gente, visam somente o seu próprio benefício, o seu interesse. Eles usam discursos moralistas, mascarados de evangelho. Mas que na verdade, em nada tem haver com Cristo e com seus ensinamentos.

O “Dai, a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus”, foi reduzido apenas ao “Dai, a César". O que vemos é a total subversão dos ensinamentos contidos na Bíblia. A igreja se vendeu, deixou de lado a visão de Cristo, para ter a visão de mundo, de poder.

No final, Deus não é mais adorado. Ao invés de honrar a Deus, eles honram o homem. Ao invés de dar toda glória a Deus, eles glorificam aos seus próprios deuses. Então César, passou a governar a Igreja e Deus, é um mero expectador.

Leia também: Dilemas da Fé: A Bíblia sem Jesus é insuficiente

Leia também: O Novo nascimento: Mudança de consciência, não de aparência

Demax Silva é colunista do podcast Outside

Acesse também o blog Outside

Siga também o Outside nas redes sociais Instagram e Facebook

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Cultura

Leia mais notícias de Cultura. Clique aqui!

Últimas Notícias