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SABERES ANCESTRAIS

Marujada e rabeca: o som que mantém vivo o coração do Pará

Em um encontro marcado por música, fé e ancestralidade, Quatipuru recebe a abertura do Curso de Rabeca da Marujada e o lançamento da Rede Paraense da Rabeca, fortalecendo a preservação de um dos maiores símbolos da cultura tradicional do Pará

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Imagem ilustrativa da notícia Marujada e rabeca: o som que mantém vivo o coração do Pará camera Junior Cabrali e Mestre Come Barro retomam a tradição da rabeca em Quatipuru, fortalecendo os saberes da Marujada com novas gerações. | Divulgação

Em tempos em que a cultura popular se adapta com força e beleza às transformações aceleradas da vida contemporânea, o som da rabeca surge como um chamado ancestral, unindo gerações em torno de saberes que não se apagam. É com esse espírito de celebração e resistência que o município de Quatipuru, no nordeste paraense, será palco de um encontro especial no dia 15 de agosto, a partir das 15h, no tradicional Barracão Pedro Amorim.

A ocasião marca a abertura oficial do Curso de Rabeca da Marujada, iniciativa que visa fortalecer a transmissão dos conhecimentos ligados a esse instrumento emblemático dentro das tradições da Marujada — manifestação profundamente enraizada na cultura paraense e marcada por fé, música e ancestralidade. O evento é promovido por meio de um projeto do músico Junior Cabrali e da Casa Jambu, coordenada por Aline Lobo.

“Esse encontro é a abertura das aulas gratuitas de Rabeca, que vão acontecer a partir de setembro. É um curso aprovado pela Lei Aldir Blanc, sendo um momento muito importante, pois ele aconteceu pela última vez na região de Quatipuru há 15 anos, e foi por meio dele que possibilitou o Cabrali aprender a tocar, na época, com o auxílio do Mestre Come Barro, em um projeto voltado à formação de músicos na comunidade”, diz Aline.

Cabrali lembra que, entre 2011 e 2012, começou a ministrar aulas de rabeca para 12 alunos. Agora, ele, o Mestre Come Barro, Aline e parceiros da Casa Jambu reúnem esforços para retomar a formação.

“Nesse intervalo, eu me aprofundei no estudo do instrumento, me graduando em música, e segui acompanhando como pude, tocando em até sete Marujadas diferentes. E foi nesse processo que notei que cada Marujada cultiva seu próprio estilo, sua vertente ou sotaque, com diferenças na afinação, no repertório e na forma de organização”, explica Cabrali, ressaltando que só na região de Quatipuru existem mais de 10 Marujadas. “Apesar disso, o conhecimento sobre a rabeca permanece restrito e pouco documentado, muitas vezes associado apenas à vertente de Bragança. Por isso, reabrir o projeto após tanto tempo tem um significado histórico e simbólico, dando início a um movimento articulado para fortalecer a rabeca no Pará”.

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Rede Paraense da Rabeca

O evento também celebra o lançamento da Rede Paraense da Rabeca, uma articulação que pretende reunir mestres rabequeiros, tocadores, aprendizes, pesquisadores e entusiastas, num esforço coletivo de valorização e salvaguarda desse patrimônio imaterial.

“A criação da Rede Paraense de Rabeca é fundamental para preservar e valorizar uma tradição pouco conhecida, mesmo dentro do próprio estado. Embora a rabeca esteja presente em várias regiões do Brasil, o modo paraense de tocar e construir o instrumento ainda é pouco estudado”, continua Cabrali. “O objetivo é criar conexões entre comunidades e novos projetos de formação, circulação e pesquisa. Assim, reforçamos uma identidade cultural profundamente ligada às Marujadas e a outras manifestações tradicionais amazônicas”.

Segundo Aline, a cultura popular da rabeca ainda enfrenta outros desafios. “Manter a tradição da rabeca no Pará exige enfrentar a falta de registros e de pesquisas sistemáticas, já que a transmissão do conhecimento depende quase sempre da oralidade e do contato direto com os mestres. Muitos já partiram, levando consigo parte dessa herança”, explica Aline.

“Outro desafio foi a ausência de projetos continuados, o que reduziu o surgimento de novos tocadores e artesãos. Além disso, questões socioeconômicas afastaram jovens da prática, pois precisaram buscar outras fontes de renda. O encontro realizado esse ano no ENARTE mostrou que, quando reunidos, os rabequeiros podem criar estratégias conjuntas para superar essas barreiras. Foi nesse momento que surgiu a decisão de fundar a Rede Paraense de Rabeca”, reforça.

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Presença feminina

Historicamente dominada por homens, a rabeca paraense tem visto crescer a participação feminina. O Coletivo Jamburanas, coordenado por Lobo, incentiva essa inserção por meio de formações, encontros e apresentações que promovem a atuação de mulheres tanto no aprendizado quanto nas apresentações.

“A Casa Jambu também contribui oferecendo um curso de banjo voltado para mulheres e crianças e um curso livre de percussão para adultos e idosos, além de parcerias com o Clube da Guitarrada para ensino da guitarra paraense. Um exemplo inspirador é Geisiane, única mulher com a responsabilidade de acompanhar uma Marujada, justamente a maior delas, em Bragança. Sua atuação simboliza a força e a representatividade feminina nessa tradição, abrindo caminhos para novas gerações”, reforça Aline.

Serviço

Chamado da Rabeca – Encontro de Saberes da Marujada

  • Local: Barracão Pedro Amorim – Quatipuru-PA
  • Data: 15 de agosto de 2025
  • Horário: 15h
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