O Hospital Israelita Albert Einstein (SP) realizou uma angioplastia (colocação de stents para a desobstrução de artérias coronarianas) inédita, usando um braço robótico, em um paciente com Covid-19 que tinha infartado.
O paciente tem 60 anos e havia sido internado no Hospital M´Boi Mirim-Moysés Deutsch, serviço municipal gerenciado pelo Einstein. A cirurgia ocorreu na unidade particular do Morumbi.
O homem recebeu dois stents e foi liberado três dias depois. Hoje, está curado da Covid-19 e já restabelecido do procedimento cardíaco.
O procedimento robótico em angioplastias ainda está em fase experimental no hospital, e depende de liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ano passado, o Einstein foi pioneiro no hemisfério sul a executá-lo. Nos Estados Unidos e na Europa, ele é praticado como rotina.
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Os braços do robô funcionam como extensão dos braços do profissional. Eles são manejados pelo médico por meio de um console, que fica em uma saleta contígua à sala onde estão o paciente e o aparelho. A visualização do coração é feita pelo sistema de imagem.
Pela técnica convencional, a passagem do cateter levando o stent ou pela artéria femoral, puncionada na virilha, ou pela radial, puncionada no pulso, é feita pelo cardiologista posicionado ao lado da maca cirúrgica.
"A intervenção via robótica permite que o médico e a equipe fiquem longe do paciente, evitando a manipulação", explica Sidney Klajner, presidente do Einstein. A experiência, que será descrita em artigo científico, possivelmente é a primeira do mundo.
A cirurgia envolveu novas regras de segurança: primeiro foi feito no chão um círculo demarcando dois metros de distância da mesa cirúrgica para que ficasse visualmente clara a zona de segurança de afastamento do paciente infectado.
Enquanto um médico manejava o robô na saleta de fora, dentro do ambiente cirúrgico ficaram dois médicos e quatro enfermeiros.
O tempo que cada um entrou dentro do círculo de risco foi registrado, permitindo a medição da efetividade das medidas na proteção dos profissionais. Em média, os profissionais adentraram na área de exposição 14,7% do tempo da intervenção.
Em circunstâncias normais, eles ficariam praticamente 100% do período ao lado da maca. "É uma redução importante no risco de contaminação", afirma o cardiologista Pedro Lemos, coordenador do centro de intervenção cardíaca complexa do Einstein.
Para Klajner, no momento em que as estatísticas mostram que mais 30 mil profissionais de saúde foram infectados pela Covid-19 no Brasil, é fundamental a criação de métodos e processos que minimizem os riscos de contágio e que sejam seguros e efetivos para o paciente.
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