Passada uma semana do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, desaparecidos desde o dia 5 de junho, a força-tarefa da Polícia Federal encontrou objetos pessoais da dupla e até mesmo restos de um estômago, que ainda não se sabe se é de algum dos dois. As buscas seguem por toda a região do Vale do Javari, no estado do Amazonas.

Na manhã do último domingo (13), manifestantes cobraram respostas pelo desaparecimento de Dom e Bruno em protesto na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Familiares da mulher do jornalista inglês e amigos participaram da mobilização e tentaram mostrar esperança de que ele ainda pode ser encontrada com vida.

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O inglês é casado com a brasileira Alessandra Sampaio, com quem mora em Salvador. Os sogros de Phillips, Lúcia Farias Sampaio e Luiz Carlos Sampaio, e o cunhado Marcos Faria Sampaio. Emocionada, Lúcia mostrou pessimismo em relação ao encontro do genro e o indigenista.

“Foi um desespero total quando a gente soube. Há uma esperança imensa de eles estarem perdidos na floresta. Hoje, é quase certeza absoluta de que eles não estão mais entre nós. Minha filha está lá em Salvador, sofrendo como uma louca. A vida deles desabou porque tinham sonhos que foram por água abaixo. Eram almas gêmeas”, disse a sogra do inglês.

ESPERANÇA

Apesar do momento de sofrimento, Marcos afirmou que a família se apoia na fé para esperar pelas informações sobre os desaparecidos.

“Temos de ser realistas. Apesar de sermos uma família de muita fé, de acreditar muito em Deus, a gente se apoia na última esperança. Até ter uma resposta definitiva, temos que acreditar. A gente acredita, mas está esperando pelo pior, apesar de ter fé”, disse Marcos.

O sogro de Phillips demonstrou a admiração que a família tem pelo jornalista e genro. “Um cara espetacular, não tem palavras que possam descrever quem era o Dom. Uma figura extraordinária. Eu ainda alimento a esperança de encontrá-lo. Tenho quase que fé plena que vou encontrá-lo. Só o tempo dirá. Peço a Deus que não seja em vão essa nossa luta e que ele seja visto, pelo mundo inteiro, nas suas boas atitudes”, espera.

ESFORÇOS

Marcos defendeu que o ato, que também contou com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) em um total de cerca de cem manifestantes, não teve caráter político. Ele disse que a família está grata a todos os envolvidos nos esforços de buscas na Amazônia.

A família do jornalista tem recebido contato de órgãos do governo federal, segundo Marcos, e sua irmã está recebendo assistência diplomática do Reino Unido. No entanto, ele reclama de saber de informações apenas pela imprensa.

“É tudo muito angustiante e o cerco está começando a se fechar. A gente está acompanhando tudo pela imprensa e, graças a vocês, nós temos informações. A gente fica entrando em todos os veículos para tentar ver o que saiu, o que não saiu, e tem sido muito angustiante, muito triste, mesmo”, conclui.

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