
Uma pesquisa inédita acaba de revelar dados importantes sobre a população LGBTQIA+ brasileira. Entre os dados apontados, foram levados em conta escolaridade, empregabilidade e outros aspectos na vida deste público no país.
O estudo mostra que essa comunidade possui níveis educacionais superiores à média nacional, mas enfrenta desafios significativos relacionados à discriminação e violência em diversos aspectos da vida cotidiana.
Leia também
Os dados da pesquisa mostram que 57% da população LGBT+ possui ensino médio completo, comparado a 46% da população geral. No ensino superior, os números são ainda mais expressivos: 28% da comunidade LGBT+ tem formação superior, contra 21% do restante da população brasileira.
Quer receber mais notícias do Brasil e do mundo? Acesse o canal do DOL no WhatsApp!
Esses números evidenciam que, apesar das dificuldades enfrentadas, a comunidade LGBT+ tem investido significativamente em educação como forma de superação e inserção social.
Quem são os LGBTQIA+ no Brasil?
A comunidade LGBT+ brasileira soma aproximadamente 15 milhões de pessoas, representando 10% da população com 16 anos ou mais. O perfil demográfico revela que:
- 63% têm entre 16 e 34 anos, com concentração na faixa de 16 a 24 anos (22%);
- Maioria é composta por pessoas pretas (11%) ou pardas (10%);
- Renda predominante entre 2 a 6 salários-mínimos;
- Distribuição por orientação sexual: bissexuais (4%), gays (2%) e lésbicas (1,2%);
Impactos da discriminação no cotidiano
A pesquisa revela que a discriminação força mudanças significativas na rotina da comunidade LGBT+. As alterações mais comuns incluem:
- Deixar de frequentar práticas religiosas;
- Mudar o trajeto na volta para casa;
- Deixar de se vestir como gostaria;
- Mudança de médico;
- Sair ou mudar de casa.
"Precisamos entender que essas situações, isoladas ou em conjunto, como o afastamento da família ou a expulsão de casa, especialmente para a população trans, trazem consequências para saúde mental, educação e segurança física dessas pessoas", alerta Márcio Borges, analista da Unidade de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae.
Violência contra a população LGBTQIA+
Os dados sobre violência são alarmantes. A maioria das pessoas LGBTP relatam situações de violência nos últimos 24 meses:
População LGBTP:
- 60% sofreram violência moral;
- 60% sofreram violência verbal;
- 53% sofreram violência psicológica.
População Trans/Travesti:
- 77% sofreram violência verbal;
- 76% sofreram violência moral;
- 69% sofreram violência psicológica.
Em contraste, apenas 35% da população não LGBT+ relatou violência moral, 35% violência verbal e 30% violência psicológica.
Discriminação no ambiente de trabalho
O mercado de trabalho apresenta desafios específicos para a comunidade LGBTQIA+, pois 58% dos entrevistados reportaram comentários ou piadinhas maldosas no trabalho.
Entre trans e travestis, esse percentual sobe para 80%, enquanto 60% das pessoas trans/travestis já sofreram assédio moral no trabalho e 69% deste grupo passaram por situações de invisibilidade profissional.
Para 57% dos entrevistados, as oportunidades no mercado de trabalho são diferentes para pessoas LGBT+ devido à homofobia, transfobia e discriminação sistemática.
Níveis de aceitação social
A pesquisa também mediu a aceitação da comunidade LGBTQIA+ em diferentes contextos. Enquanto 92% não se importam com LGBTQIA+ como chefe ou vizinho, porém 84% aceitariam um parente próximo ser LGBTQIA+ e 64% aceitariam nora ou genro da comunidade.
Os dados mostram que a aceitação diminui conforme aumenta o grau de proximidade familiar, evidenciando que ainda há resistência em círculos mais íntimos.
Fatores que influenciam a aceitação
A pesquisa identificou padrões importantes, como:
- Pessoas com 60 anos ou mais apresentam reações mais negativas;
- Pessoas com ensino superior demonstram maior aceitação;
- Jovens de 16 a 24 anos enfrentam mais violência verbal e moral;
- Pessoas pretas e pardas sofrem mais preconceito.
Desafios regionais
No contexto regional, o Nordeste apresenta índices mais elevados de violência moral (46%) e verbal (47%) contra a população LGBTQIA+, o que indica a necessidade de políticas específicas para essas regiões.
Este levantamento do Sebrae representa um marco importante para compreender a realidade da população LGBT+ brasileira. Os dados evidenciam que, apesar dos avanços educacionais e da presença crescente no mercado de trabalho, a comunidade ainda enfrenta desafios significativos relacionados à discriminação e violência.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar