A fé é uma das marcas da cultura paraense, principalmente, pela relação longa e direta com a padroeira Nossa Senhora de Nazaré. Relação próxima e íntima, como se fosse alguém materializado e pronto para ajudar. Na hora do aperto, das dificuldades e do desespero, é com ela que católicos (e até não católicos) se apegam e clamam pela providência divina. As gigantescas procissões, sempre no segundo domingo de outubro, não deixam sombra de dúvida de que ser paraense também sinônimo daquele que crê.
Leia também:
Dol faz 11 anos e presenteia internautas com o Dol Carajás
De 2010 para cá, o Dol tem feito a cobertura dos Círios com qualidade e em tempo real, mostrando detalhes das manifestações e fé, não apenas em Belém. O portal conecta paraenses e admiradores da fé em Nossa Senhor espalhados no mundo inteiro. Pelo site, centenas de milhares de pessoas buscam saber o que acontece na cidade no evento mais importante do ano.
Nesse período, no dia 4 de dezembro de 2013, o Círio foi reconhecidooficialmente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e aCultura (Unesco) como Patrimônio Cultural e Imaterial da humanidade. Um reconhecimento importante e muito aguardado para uma das maiores manifestações religiosas do mundo.
Nesse tempo, houve o maior Círio de todos os tempos, considerado pela Diretoria da Festa, o grupo que coordena as festividades. Foi o de2014 com 39 horas em 12 procissões, que somadas chegam a 138 quilômetros na capital paraense por terra e rio. Foi também o mais caro dos últimos anos com um custototal de R$ 3,1 mihões, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Teve também o “milagre da velocidade”, quando a romaria de domingo com 2 milhões de devotos acabou mais cedo e o Círio foi considerado um dos “mais rápido da história”. A procissão em ritmo acelerado foi registrada em 2010 e 2015, duas edições em que o percurso entre a Igreja da Sé e a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré terminou antes do meio dia, antecipando assim outra tradição: o almoço em família com a maniçoba e pato no tucupi.
A média de público nas ruas nesses anos foram na casa dos dois milhões, com exceção do de 2020, o ano da pandemia causada pelo coronavírus. Em nome da saúde e pelo medo da covid-19, a procissão foi suspensa, mas muita gente aindafoi às ruas louvar Nossa Senhora de Nazaré.
Ascenção e intolerância
Apesar de majoritariamente católico, o Pará também é Estado com grande parte da sua população autodeclarada como evangélica. Em 11 anos, a quantidade de igrejas de várias denominações se multiplicou e, segundo, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último levantamento, os evangélicos na capital paraense, em Belém, já são cerca de 30% da população.
Muito além dos números, nos últimos 11 anos, os evangélicos do Parámostraram força e organização. Não à toa, as referências dessa representatividade estão em nomes de vias, como a Avenida Centenário, cujo nome faz alusão aos cem anos da fundação da Assembleia de Deus, celebrado em 2010. Entre as congregações mais importantes, estão a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja do Evangelho Quadrangular, também com grande contribuição para expansão dessas religiões no estado.
Leia também:
Umbandista denuncia perseguição e intolerância religiosa,em Outeiro
Mas a aparente convivência pacífica entre crenças também se mostrou frágil nesses anos, com diversos episódios de intolerância religiosa, principalmente, em relação às religiões de matriz africana, como o candomblé.
Em 2019, foi criado o Comitê Permanente de Religião de Matriz Africana, cujo objetivo é propor políticas que protejam e defendam a vida de pessoas ameaçadas por conta da intolerância religiosa no estado do Pará. Decreto, assinado pelo governador Helder Barbalho, é um sinal de que essa prática ainda precisa ser combatida, em pleno século 2021.
No dia do lançamento da comissão, o sacerdote do Mansu Nangetu, Edgard Vasconcellos denunciou perseguições. “O período de 2016 a 2018 foi trágico para as comunidades no Pará, diante as mortes de sacerdotes assassinados dentro de seus templos, vítimas do racismo religioso. Até então, nós da comunidade não enxergávamos no Estado nenhuma ação ou política voltada para vetar essa violência”, comentou.
Um dos episódios relatados por ele foi a invasão de um templo no bairro do Marco, em junho de 2018. A mãe Mametu Nangetu foi agredida fisicamente e teve os pertences roubados e outros destruídos e, no fim, a violência permaneceu impune. “Não é só violência, é racismo religioso. A próxima luta é garantir um assento no Conselho de Segurança Pública”, pontuou Edgard.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar