A confirmação de que os três corpos encontrados na terra indígena Parakanã, em Novo Repartimento, no Sudoeste do Pará, sejam dos caçadores que estavam desaparecidos desde o último domingo (24) será feita somente através de exame de DNA. A equipe da Polícia Federal que atua no caso já coletou material genético das famílias das vítimas para comparar com os das vítimas. Os cadáveres foram encaminhados para Instituto Médico Legal, no município de Marabá, e poderão ser liberados até amanhã (1). O velório será realizado na Câmara Municipal de Novo Repartimento.
Segundo o advogado Cândido Lima Júnior, os familiares reconheceram algumas peças e vestimentas das vítimas, entre elas o cinto de vaqueiro usado por um dos rapazes. “Ainda que não se tratem dos rapazes que estavam ou estão desaparecidos, se o DNA não confirmar isso, a Polícia Federal e os órgãos competentes terão de investigar três mortes que aconteceram dentro do território indígena”, frisou.
Cosmo Ribeiro de Sousa, José Luis da Silva Teixeira e Willian Santos Câmara saíram para caçar na reserva indígena de Parakanã no domingo (24). E não retornaram mais para casa. A terra indígena fica distante a 30 quilômetros de Novo Repartimento. Trata-se de uma área de 350 mil hectares, onde vivem aproximadamente 1.500 indígenas.
Polícia encontra segundo corpo de eletricista no Pará
O boletim de ocorrência policial sobre o desaparecimento deles foi registrado pelo advogado no dia 25, na delegacia de Novo Repartimento. As motocicletas e alguns objetos dos caçadores foram localizados. Ao longo desta semana, familiares e amigos chegaram a bloquear a BR-230 em protesto para pedir respostas sobre o caso. A via foi liberada na noite da última quinta-feira (28).
Por se tratar de uma área indígena, a responsabilidade de investigação compete à União. A Polícia Federal está no caso, assim como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal (MPF) atuam nas diligências. A Força Nacional está na localidade para garantir a ordem pública e evitar conflitos. Equipes do Batalhão da Polícia Militar do Pará dão apoio.
Família quer Justiça
Cândido destaca que a família não pretende gerar conflitos graves, nem provocar confrontos. “Não haverá nenhuma ação truculenta. O que a família quer é que seja feita a Justiça e que o Estado dê a punição aos autores destes homicídios. Ninguém está acima da lei. Houve mortes com requintes de crueldade e tentativa de ocultação de cadáver”, levantou o advogado, que irá atuar como assistente de acusação quando o caso chegar à esfera judicial. “O Ministério Público Federal é o titular”, pontuou.
Para ele não há dúvidas de que indígenas são os principais suspeitos pela morte dos caçadores – ou das três vítimas cujos corpos foram encontrados, hoje, no território Parakanã. “As investigações da Polícia Federal têm caráter sigiloso, mas os trabalhos terão de responder a três perguntas básicas: quem matou? Como matou? Por que matou?”, atentou Candido.
Questionado sobre a caça ser uma atividade não permitida dentro da reserva indígena, ele respondeu que um erro não pode ser punido com outro. “Se foi isto, os índios puniram os caçadores com a pena de morte e no Brasil isto não existe”, concluiu.
Os corpos teriam sido localizados em uma cova rasa, conforme o relato do advogado dos familiares.
Em nota divulgada à imprensa, a Polícia Federal informou que a necropsia e identificação dos corpos serão feitas por médicos legistas da Polícia Científica do Pará e peritos criminais da PF. “Ainda não é possível afirmar de quem se trata, tampouco a causa das mortes, sendo necessária, para isso, a realização de perícia criminal”, pontua.
As investigações continuam para identificar os autores do fato criminoso. “Cumpre ressaltar que a investigação da Polícia Federal contou com o total apoio da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros Militar, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional, envolvendo mais de 150 agentes de segurança nas buscas, desde que se soube do desaparecimento de três pessoas na região”, ressalta o texto da nota.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar