
Na Região Norte, marcada por distâncias geográficas e desigualdades no acesso a tratamentos de alta complexidade, a medicina deu um passo histórico. Pela primeira vez, um hospital da região realizou um transplante de medula óssea para tratamento de tumor sólido pelo SUS, rompendo barreiras e abrindo um novo caminho de esperança para milhares de pacientes.
Esse feito inédito foi protagonizado pelo Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia no Pará, e teve como paciente Yan Tiago do Vale da Silva, que lutava contra um tumor de células germinativas após não responder à quimioterapia tradicional.
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Até recentemente, os transplantes de medula óssea no Brasil eram, em sua maioria, direcionados a pacientes com doenças hematológicas — como leucemia, linfoma e mieloma. Contudo, em casos específicos, pacientes com tumores sólidos também podem ser candidatos ao procedimento, o que representa uma nova fronteira no tratamento oncológico.
Esse foi o caso de Yan Tiago, que enfrentava a doença há três anos. Após múltiplas cirurgias e 18 ciclos de quimioterapia, ele foi encaminhado ao HOL para tentar uma alternativa: o transplante autólogo de medula óssea, agora oficialmente realizado pelo Sistema Único de Saúde na Região Norte — algo até então inédito.

Equipe especializada
O transplante foi conduzido com sucesso por Thiago Xavier, hematologista do Ophir Loyola. “Embora geralmente indicado para doenças hematológicas, o transplante de medula óssea pode ser eficaz em certos casos de tumores sólidos. Esse foi o caso do nosso paciente, que não teve resposta adequada à quimioterapia. Realizamos o procedimento com sucesso, algo inédito pelo SUS no Norte do país”, explicou.
Além de celebrar o sucesso individual, o Thiago destacou o impacto mais amplo da conquista. “Estamos falando de um avanço real na capacidade de tratamento oncológico da região. O Ophir Loyola é hoje o único centro habilitado a realizar esse tipo de transplante pelo SUS no Norte, o que tem potencial para beneficiar não apenas o Pará, mas pacientes de todo o entorno amazônico.”
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“Minha esposa é minha maior força”
O protagonista dessa história é Yan Tiago do Vale da Silva, jovem que viu sua vida ser transformada pelo diagnóstico de câncer. “Quando descobri a doença, foi uma reviravolta completa. Nunca imaginei ser o primeiro paciente a passar por esse transplante aqui no Norte. Me sinto abençoado por essa oportunidade”, relatou, emocionado.
Ao lado dele durante todo o processo, sua esposa, Beatriz Monteiro, falou sobre fé, resistência e gratidão. “Ver o Yan de pé, depois de tudo que enfrentamos, é algo que não tem preço. Só posso agradecer a Deus, ao SUS e a toda equipe do hospital Ophir Loyola. Essa vitória é de todos nós.”
Beatriz destacou ainda a importância da estrutura pública de saúde: “Sabemos das dificuldades do sistema, mas sem o SUS, meu marido não teria tido essa chance. Essa é uma conquista da saúde pública brasileira.”

Um futuro mais acessível para a Amazônia
Com esse avanço, o Hospital Ophir Loyola consolida-se como um polo de referência em tratamentos complexos na Amazônia Legal, quebrando a lógica de que terapias de ponta só estão disponíveis no Sul e Sudeste do país.
Segundo Thiago Xavier, “alguns subtipos de tumores sólidos, como os de células germinativas, só apresentam aumento de sobrevida com transplante. Em alguns casos, pode até ser necessário mais de um. Por isso, termos essa estrutura aqui é essencial.”
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