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POLÍCIA FEDERAL

Veja como funcionou a operação que prendeu Braga Netto

O general Braga Netto, que foi ministro da Defesa Civil na gestão de Jair Bolsonaro e seu vice na eleição de 2022, foi preso na manhã deste sábado (14) pela Polícia Federal

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Imagem ilustrativa da notícia Veja como funcionou a operação que prendeu Braga Netto camera General Braga Netto foi preso pela Polícia Federal na manhã deste sábado (14) sob a suspeita de interferir nas investigações sobre a trama golpista que aconteceu em 2022 | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O general Walter Braga Netto foi preso na manhã deste sábado (14) pela Polícia Federal (PF) sob a suspeita de interferir nas investigações sobre a trama golpista no ano de 2022. Braga Netto foi ministro da Defesa e da Casa Civil, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele também foi vice na chapa do ex-presidente na eleição de 2022.

Investigações conduzidas pela Polícia Federal mostraram que o general da reserva participou de um núcleo de pessoas responsáveis por incitar militares e promoverem a um golpe de Estado. A corporação também alegou que Braga Netto teria tentado interferir nas investigações quando tentou obter dados sigilosos do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Ainda segundo as investigações, Braga Netto entregou recursos para a organização e execução do plano de matar em 2022 o presidente eleito, Lula (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o próprio Moraes.

Veja como funcionou a operação que prendeu Braga Netto:

1) Interferência nas investigações

Segundo a PF, Braga Netto teria atuado, "de forma reiterada e destacada", para impedir as investigações. O general da reserva estava tentando obter acesso a informações sigilosas da delação de Mauro Cid.

As suspeitas relacionadas à tentativa de interferir nas investigações vêm sendo acumuladas desde setembro de 2023, quando o tenente-coronel Mauro Cid teve homologado seu acordo de colaboração premiada no STF.

O próprio Cid relatou, em depoimento, que Braga Netto procurou diretamente seu pai, o general Mauro Lourena Cid, para pedir detalhes do que ele havia falado na colaboração premiada.

"Isso aconteceu logo depois da minha soltura [em setembro de 2023], quanto eu fiz a colaboração naquele período, onde não só ele como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado", disse Cid em depoimento à PF.

"Fazia um contato com o meu pai, tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muita coisa, ele não era oficial, e tentando entender o que eu tinha falado."

As provas de tais ações, segundo a polícia, teriam sido encontradas no celular do pai de Mauro Cid.

2) Novo depoimento de Cid

A decisão de prisão é fundamentada em novos documentos encontrados pela PF e em revelações feitas por Mauro Cid em depoimento prestado no dia 21 de novembro.

Em uma versão anterior apresentada à PF, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro havia dito que o encontro de militares das Forças Especiais com Braga Netto em novembro de 2022 ocorreu porque os militares queriam tirar fotos e cumprimentar o general.

Já o termo de audiência do depoimento de Cid ao Supremo, realizado em novembro, diz que o tenente-coronel levou os militares ao apartamento de Braga Netto para falar sobre a "indignação com a situação do país e a necessidade de ações concretas".

As investigações da PF, portanto, apontam que o plano de golpe envolvendo a morte de Lula teria sido discutido na casa do general em Brasília.

3) Pagamento em sacola de vinho e "pessoal do agronegócio"

Segundo a nova versão dada na delação de Mauro Cid, o então major Rafael de Oliveira se encontrou com Braga Netto dias depois de reunião com militares na casa do general da reserva.

Na ocasião, Braga Netto teria entregado a Oliveira dinheiro em espécie, guardado em uma "sacola de vinho", para a "realização da operação". Os valores, de acordo com a delação de Cid, teriam sido obtidos com o "pessoal do agronegócio".

O trecho do termo de depoimento de Cid no STF não deixa claro se o dinheiro havia sido repassado com o objetivo de financiar o plano de assassinar autoridades. Em trechos anteriores da delação, Mauro Cid disse que o tenente-coronel Rafael de Oliveira pediu R$ 100 mil para levar bolsonaristas de outras regiões do país ao acampamento golpista montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

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As conclusões da Polícia Federal e de Alexandre de Moraes, porém, são de que os valores foram utilizados para viabilizar o plano de executar autoridades.

Moraes ressalta na decisão que há "fortes indícios e substanciais provas" de que Braga Netto "contribuiu, em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente" para o planejamento e financiamento de um golpe de Estado cuja consumação incluía o plano de detenção e possível execução do próprio Moraes, além de Lula e Alckmin.

4) Documento com assessor

A Polícia Federal ainda apreendeu na sede do PL (Partido Liberal) em fevereiro, em mesa usada pelo coronel Peregrino, um documento com perguntas e respostas sobre a delação. Segundo os investigadores, esses elementos indicam uma tentativa de Braga Netto e Peregrino conseguirem detalhes sigilosos sobre o acordo de colaboração de Mauro Cid.

"O contexto do documento é grave e revela que, possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial, as quais foram respondidas pelo próprio, em vermelho", apontou a PF em seu relatório final.

Também sobre a mesa de Peregrino foi encontrada, segundo o relatório, uma folha preenchida à mão com o título "operação 142", um fluxograma do que seria um golpe de Estado e a frase "Lula não sobe a rampa".

O coronel da reserva, diferente de Braga Netto, não foi indiciado no relatório final da PF sobre a tentativa de golpe de estado.

5) "Não houve qualquer obstrução"

A defesa do general da reserva Walter Braga Netto negou, em nota divulgada na tarde deste sábado (14), que ele tenha obstruído as investigações sobre a trama golpista de 2022.

Os advogados do general dizem que irão se manifestar nos autos após ter "plena ciência dos fatos que ensejaram a decisão".

"Com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução as investigações", diz a o texto da defesa, liderada por Luís Henrique Cesar Prata.

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