plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 25°
cotação atual R$


home
FATO VERÍDICO

Por que as pessoas colocavam sapo no leite antes de beber?

Durante a Segunda Guerra, russos e finlandeses usavam anfíbios vivos para preservar leite e a ciência moderna explica que o método é eficaz

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia Por que as pessoas colocavam sapo no leite antes de beber? camera Leite de sapo? | Divulgação

O improviso é uma marca registrada da sobrevivência humana em tempos de crise. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, com recursos escassos e sem acesso à refrigeração, populações rurais da Rússia e da Finlândia recorreram a um método, no mínimo, inusitado: mergulhar sapos vivos dentro de recipientes de leite fresco.

Pode parecer lenda, mas essa técnica rudimentar tinha base científica e surpreendentemente eficaz. A pele dos anfíbios é uma verdadeira farmácia natural. Sapos produzem substâncias com forte ação antibacteriana, que impedem a proliferação de microrganismos. Sem geladeiras à disposição, colocar um sapo vivo no leite era uma maneira eficaz de mantê-lo fresco por mais tempo.

Pesquisas atuais revelam que a pele desses animais contém mais de cem tipos diferentes de antibióticos naturais. Segundo o pesquisador Michael Conlon, trata-se de uma defesa evoluída ao longo de 300 milhões de anos, essencial para a sobrevivência dos sapos em ambientes úmidos e repletos de bactérias.

Conteúdo Relacionado

Em 2010, cientistas nos Emirados Árabes identificaram peptídeos antibióticos na pele de sapos com potencial para inibir o azedamento do leite e até prevenir infecções em quem o consumia. Uma das espécies mais utilizadas era a Rana temporaria, comum na Eurásia.

Pesquisadores da Universidade de Moscou isolaram 97 antibióticos naturais da pele dessa espécie, alguns eficazes até contra bactérias perigosas como Salmonella e Staphylococcus.

A técnica consistia em colocar um sapo vivo diretamente no recipiente de leite fresco. As secreções antibacterianas de sua pele atuavam como conservantes naturais. O animal era mantido lá até a hora do consumo e, depois, muitas vezes devolvido à natureza.

Esse hábito se popularizou principalmente entre famílias rurais, que não tinham acesso a métodos modernos de conservação. Curiosamente, registros históricos apontam que práticas semelhantes já eram utilizadas por civilizações antigas, muito antes de qualquer comprovação científica.

Apesar da comprovação de sua eficácia, o uso direto de sapos não é recomendado atualmente. Além do risco de transmissão de doenças zoonóticas, muitas espécies estão ameaçadas de extinção. “É fundamental não prejudicar essas criaturas delicadas”, reforça Conlon.

Nem todos os sapos possuem propriedades benéficas — algumas espécies são tóxicas e poderiam contaminar o leite. Hoje, os compostos antibióticos são sintetizados em laboratório, sem a necessidade de usar os animais diretamente.

O interesse científico nos peptídeos dos sapos cresceu. Já há compostos promissores no combate a superbactérias resistentes, como a temida iraqibacter. O maior desafio é replicar em laboratório as moléculas complexas da pele desses anfíbios.

Quer saber mais de curiosidades? Acesse o nosso canal no WhatsApp

Como cerca de 40% das espécies de anfíbios estão ameaçadas, os cientistas alertam que cada animal extinto pode representar uma cura perdida. As pesquisas atuais são feitas com cautela: os sapos são devolvidos ao habitat natural após pequenas coletas de amostras.

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Curiosidades

    Leia mais notícias de Curiosidades. Clique aqui!

    Últimas Notícias