Falta o espírito de Periçá no Clube do Remo nesta Série B

O torcedor do Clube do Remo já está preocupado com o rumo que o time vai tomando na Série B do Campeonato Brasileiro 2021, mesmo restando 29 jogos – azulinos possuem uma rodada atrasada. E não é para menos. Até o momento, o Leão disputou nove duelos, venceu apenas um, empatou quatro, perdeu quatro, tem o pior ataque, saldo de gols negativos de seis e, para completar, ocupa a lanterna da competição nacional.

A derrota para o Vila Nova-GO, na última quinta-feira (8), marcou a estreia de Felipe Conceição no comando técnico azulino. O que se viu não foi nada de diferente do que já conhecemos. Um Remo sem velocidade, de pouca movimentação, com baixa produtividade e imposição inexistente diante dos goianos. Agora, já são sete jogos sem vencer na Segundona Nacional, aumentando a crise.

O que mais impressionou no último jogo foram os primeiros 45 minutos sem o Leão dar um chute sequer. Nem para fora a equipe conseguiu arrematar. Na segunda etapa, tentaram nove vezes, mas apenas duas foram ao gol adversário. Muito pouco para quem quer sair da zona da degola e da incômoda situação sem vitórias no campeonato. São 25,9% de aproveitamento na disputa dos pontos (9 de 27).

Quando pensam que a equipe vai melhorar, ela vai lá e decepciona aqueles que depositaram esperanças em uma reviravolta. Não se vê os jogadores vibrando. Não há brio na equipe azulina. É preciso muito mais que apenas reforços. É necessário atitude de todos, desde a diretoria, até os jogadores. Então, qual o problema? Vestir uma camisa pesada do futebol em uma segunda divisão nacional não é suficiente para se estar motivado?

Há racha no elenco? Não sabemos! As duas melhores partidas que a equipe apresentou na competição foram no empate contra o Náutico e na derrota para o Coritiba. Sabe o que há de semelhante entre elas? O atacante Dioguinho, que vem causando problemas extra-campo e até mesmo no banco de reservas, não participou.

Dioguinho, apesar de todos os problemas, parece ter lugar cativo na equipe azulina. Não importa o que aconteça, está entre os 11. No único jogo que não jogou e estava disponível foi contra o Coxa-Branca, quando Netão, técnico interino, assumiu a equipe. Informações são de que ele entraria após a lesão de Rafinha, mas estava rindo, mexendo no celular e foi barrado. Isso fez até a diretoria querer afastar o atleta do elenco profissional, mas Conceição pediu para avaliar o jovem de 24 anos.

Outros que parecem intocáveis são Anderson Uchôa e Lucas Siqueira. Os volantes, de 30 e 32 anos, respectivamente, fazem a dupla responsável por iniciar a transição ofensiva da equipe. Não basta! São lentos. E quando precisam marcar? Não possuem um combate cerrado e, geralmente, esperam a aproximação de algum companheiro para tomarem atitude de roubar a bola.

O jogador de maior nome no elenco remista é o meia de 27 anos Felipe Gedoz, no entanto, ele ainda não conseguiu apresentar o futebol esperado pela torcida e diretoria. Uma série de fatores estão influenciando isso e um deles são seus companheiros. Sem movimentação e velocidade dos demais, ele não consegue encaixar passes e lançamentos, tornando-se pressa fácil para a marcação adversária, já que, assim como Uchôa e Siqueira, é lento. Durante partidas e treinamentos, mostra irritação com tudo ao redor.

E o que falar de Renan Gorne? O atacante azulino vem sofrendo com as críticas por conta do baixo desempenho. Na pelada entre amigos, diriam para que os zagueiros o deixassem sozinho, pois a natureza o marcaria. Apesar de não aproveitar as poucas chances que aparecem, o centroavante se movimenta mal, sofrer isolado no ataque e precisa lidar com a falta de criação dos seus companheiros. Não é à toa que marcou apenas um gol até aqui

Muitas coisas precisam ser ajustadas no Leão. Não basta trazer jogadores e mais jogadores, até porque ninguém vai chegar e decidir, já que os cofres do clube não permitem a contratação de um nome de peso. É preciso resgatar a bravura e o destemor de Periçá na defesa das cores do Clube do Remo. A missão é de Felipe Conceição, com um espinhoso e desafiador caminho pela frente. Que a diretoria não seja omissa e ajude o jovem treinador a salvar a temporada.

A próxima chance para buscar uma reviravolta será contra o Brusque-SC, oitavo colocado com 13 pontos. O confronto acontece na próxima quarta-feira, dia 14, no Estádio Baenão, em Belém, em jogo válido pela 11ª rodada da Série B do Brasileiro. Ou afasta de vez a crise, ou se afunda cada vez mais nessa areia movediça que o próprio Remo vem se colocando.