
Setembro é o mês dedicado à conscientização sobre o aneurisma cerebral, uma condição silenciosa que pode ser fatal se não for diagnosticada e tratada a tempo. O aneurisma ocorre quando há uma dilatação anormal em um vaso sanguíneo do cérebro, formando uma espécie de ‘bolha’ que, se romper, provoca sangramento e pode gerar graves consequências. A campanha busca orientar a sociedade sobre como identificar sinais de alerta e a importância do diagnóstico precoce.
O médico neurologista Antônio de Matos explica que os principais fatores de risco que podem favorecer a fragilidade dos vasos cerebrais. “O aneurisma cerebral é uma dilatação nas paredes dos vasos do cérebro e ele advém de uma fragilidade nesse vaso, tendo como principais fatores de risco a herança familiar, a hipertensão arterial e o tabagismo. Algumas doenças raras podem ser associadas, como doenças em que a pessoa tem dificuldade de formar uma proteína na parede do vaso, que uma delas é o colágeno”, detalha.
Conforme Matos, “os dados que temos sobre o aneurisma cerebral é que ele acomete em torno de 2% a 5% da população”. Considerado uma doença silenciosa, destaca o especialista, “principalmente no caso em que o aneurisma cerebral é pequeno, inferior a 4 milímetros”. E, por vezes, só é descoberto durante exames de rotina ou na investigação de outras queixas. “Fazendo exames para investigar uma dor de cabeça, ou para investigar alguma outra doença, que acaba sendo achado em uma investigação de uma outra queixa, ou caso mais incomumente, esse aneurisma rompa”, observa.
O problema surge de fato quando há ruptura. “O aneurisma cerebral pode romper, causando um sangramento ao redor do cérebro. E esse sangramento é um tipo de AVC [acidente vascular cerebral]”. Ele detalha: “O AVC é quando há uma interrupção ou um sangramento no cérebro, interrupção do fluxo do sangue. Então o aneurisma cerebral é um potencial causa de AVC hemorrágico, que é o que sangra no cérebro”.
Matos pondera que o AVC nem sempre está associado ao aneurisma, já que “a pressão alta é o principal fator causador de AVC hemorrágico; porém, uma porção desses pacientes apresenta como causa o aneurisma, é mais incomum, mas requer tratamento imediato”.
O médico reforça que, em situações em que o aneurisma é identificado antes de romper, o tratamento é planejado: “é uma doença que você faz o tratamento eletivo, ou seja, você faz exames, pré-operatórios, programa cirurgia, vai em jejum e realiza o procedimento de tratamento”; quando se rompe, “esse paciente teve um AVC, esse tratamento é em caráter de urgência e quanto mais rápido se tratar, melhores são as probabilidades do paciente ter uma recuperação mais adequada”, acrescenta.
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SINTOMAS
Os sintomas de alerta para um possível agravamento incluem dores de cabeça muito fortes e diferentes dos habituais, desmaios repentinos e dificuldades em executar tarefas do dia a dia, como movimentar um lado do corpo, ou mesmo não realizar uma atividade que o paciente realizava previamente. “O aneurisma cerebral quando rompe dá uma dor de cabeça que é muito diferente da que o paciente já teve durante a vida, uma dor de cabeça que em geral não cede com medicações habituais e que leva o paciente ao pronto atendimento”.
Os números revelam a gravidade da doença quando não tratada. “O aneurisma cerebral acomete de 2 a 5% da população. A pior complicação é a ruptura, que pode levar a morte em até 30% dos casos e deixar sequelas também em 30%. É mais comum em mulheres acima dos 40 anos. Em geral, quando há hospitalização por ruptura, o paciente fica internado até 21 dias”, revela Antônio de Matos. Apesar disso, “os números do aneurisma cerebral, eles são benignos desde que sejam tratados precocemente e caso tenha uma ruptura, o tratamento rápido é muito importante na reabilitação do paciente e no tratamento do motivo da internação”, continua.
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TRATAMENTO
Matos explica que o tratamento pode ser feito de duas formas: cirurgia aberta (convencional) ou procedimentos endovasculares, semelhantes ao cateterismo cardíaco. Ambos os métodos são seguros e eficazes, guardando a indicação de acordo com cada tipo de doença e cada tipo de paciente.
No primeiro caso, a forma de bloquear o aneurisma: “é feita pelo neurocirurgião; o paciente é submetido a uma anestesia geral, um corte na cabeça, em que o neuro vê a melhor estratégia e, em geral, utiliza clips para a realização do tratamento”.
Já na segunda, a neurorradiologia intervencionista, “é muito parecido com o que é feito no cateterismo cardíaco, por dentro dos vasos. Então, através dos vasos que, em geral, são acessados através do punho ou da região da virilha, acessa o sistema vascular do paciente e por dentro desse vaso chega no cérebro. Através desse acesso, consegue posicionar micromolas ou stents dentro do aneurisma cerebral, que faz com que o sangue não chegue”, esclarece
PREVENÇÃO
Quanto à prevenção, controlar a pressão arterial, saber se há outras pessoas com a doença na família para fazer a investigação precocemente, evitar o cigarro são medidas fundamentais. “Durante a vida, algumas pessoas fazem somente o exame e não voltam ao médico. Pacientes muito jovens são mais difíceis de ter alterações nos exames. Tem que avaliar cada idade, gênero, sexo biológico e idade do paciente. Enquanto as medidas de estilo de vida, elas são fomentadas e orientadas a todos os pacientes”, finaliza.

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