Quantos jovens paraenses não sonham em ter uma única oportunidade para defender as cores de Clube do Remo e Paysandu? Não existe um dado específico para isso, mas tenho certeza que não são poucos. Ingressar em uma das duas equipes com as maiores torcidas da região norte do país significa ter a chance de ouro para aparecer no cenário nacional futebolístico e, de quebra, ajudar sua família, que na maioria das vezes vem de raízes humildes.
Um desses garotos que teve esse sonho foi o atacante Diogo dos Santos Carvalho, o Dioguinho, de 25 anos. Natural de Santa Izabel, região metropolitana de Belém, o jogador começou a carreira em times amadores e disputou torneios em outros estados. Ele chegou a fazer testes no Santos e Guarani, mas não foi aprovado.
Com as dificuldades e um pouco de desilusão no mundo da bola, Dioguinho abandonou o futebol e foi trabalhar no corte de frangos em um frigorífico por um período de um ano e meio, em sua cidade natal. No entanto, as coisas ganharam novos rumos no Campeonato Paraense de 2020, quando se destacou pelo Castanhal e chamou a atenção.
Na temporada anterior, em 2019, Dioguinho assinou um pré-contrato com o Paysandu e em uma das cláusulas havia um compromisso de sigilo, mas o acordo acabou virando notícia. Foi o bastante para o clube descartar o atleta, então com 23 anos.
Voltando para 2020, o jogador chamou a atenção do Leão e foi emprestado pelo Japiim por um período de três meses, chegando na Série C, ainda na época do técnico Mazola e conquistando o acesso, tempos depois, com Paulo Bonamigo. O Leão o contratou em definitivo. Apesar disso, o grande destaque veio na temporada atual, após crescer com a equipe mostrando habilidade e aplicação técnica.
Virou o cara do Remo no Parazão, mas não demorou muito para o rendimento cair. Queda essa comentada pelo treinador à época, Bonamigo. Apesar disso, o jogador seguia com prestígio na equipe titular. Ainda durante a disputa do regional, o atleta foi flagrado em uma festa noturna na capital paraense, no entanto, a diretoria azulina fez vista grossa e decidiu não punir o jogador.
Sem alongar demais, Dioguinho foi pego mais vez em balada – vale ressaltar que estamos em um período de pandemia, onde mais de meio milhão de vidas foram perdidas e um surto poderia prejudicar toda a equipe. Os cartolas azulinos puniram. O jogador pagou o próprio teste de covid e ficou de fora da estreia na Série B.
"Tudo bem!". Ele voltou a atuar bem contra o Atlético Mineiro, na Copa do Brasil. Foi destaque, mais uma vez, da equipe, bem limitada tecnicamente. A Segunda Divisão Nacional seguiu e o jogador se manteve entre os titulares de Bonamigo, até ser expulso contra o Guarani e ficar de fora do jogo diante do Náutico. Nesse período que cumpria suspensão, mais uma vez foi flagrado em balada.
A partida contra o Sampaio Corrêa, logo em seguida, com o atacante na equipe titular, mostrou que Paulo Bonamigo "passava a mão na cabeça do jogador", assim como a diretoria, e a derrota fez o comandante cair do cargo. Frente ao Coritiba, Netão colocou o camisa 7 no banco e, no celular enquanto estava entre os reservas, nem se quer entrou em campo.
A diretoria decidiu afastar Dioguinho do elenco profissional e deixá-lo treinando na base, segundo apurado pelo DOL. Todavia, após a chegada do novo treinador, Felipe Conceição, pediu para que o atacante fosse reintegrado ao grupo, a fim de avaliá-lo. Resta saber se agora ele irá aproveitar a nova chance ou aprontar pela quinta vez.
O que se sabe é que o atleta tem contrato com o Filho da Glória e do Triunfo até o final de 2023 e uma multa de R$ 2 milhões, o que pode ser uma explicação para o "pé atrás" da diretoria, evitando possíveis problemas judiciais. Quinta-feira, dia 08, o Leão encara o Vila Nova. Será uma nova chance para Dioguinho voltar aos trilhos e continuar seu sonho de criança.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar